Escreve com a maestria de um poeta e a sabedoria de um doutor no assunto, com seriedade e embasamento teórico-filosófico. São dezenove trabalhos que honram a nossa crítica e teoria literária, quer pelo estilo – digamos que bem original – quer pelo valor das informações e dos incentivos com que remete o leitor à obra citada. O último trabalho, a meu ver, não trata de um autor ou livro específico: faz uma análise em profundidade da lingüística, da filosofia e do fazer literário, com ênfase no sujeito, como bem anuncia: “A linguagem do espelho: o autor em questão”. A obra geral é magnífica, sobressaindo o ensaio que fecha o livro com exemplos de poemas de Foed Castro Chamma, realmente um dos grandes poetas brasileiros contemporâneos.
Se fôssemos julgar estudo por estudo, diríamos que o final é uma chave de ouro do livro. Devem ser mencionados, também pela excelência, dois outros: “Dispersão: um livro, um poeta, um destino”, sobre o poeta e a poesia de Edson Guedes de Morais, e “No caminho, a metáfora do gozo insólito”, sobre R. Roldan-Roldan e seu fazer artístico. Sobre alguns autores há mais de um trabalho no livro, porém toda a ênfase fica com R.Roldan-Roldan, digamos que seja este o que mais o influenciou.
Autores contemplados no trabalho, além dos dois que já citamos: Jorge Tufic, Raimundo Herculano de Moura, Ascendino Leite, Demétrio Vieira Diniz, Carlos Gildemar Pontes (poesia e ensaio), Tanussi Cardoso, Zeilton Alves Feitosa e Francisco Miguel de Moura.
É o livro mais completo de ensaios sobre poetas e poesia que li nos últimos tempos, principalmente sobre poetas contemporâneos como é o caso.
“A Geometria do Fragmento” é obra para durar muito, o que raramente acontece com livros dessa natureza.