Em uma viagem literária pelo tempo, “Aracati era assim” emerge como um portal para a história viva de uma cidade que respira tradição e cultura. Sob a curadoria meticulosa do escritor aracatiense Antero Pereira Filho, esta coletânea transcende as páginas para se tornar um testemunho eloquente dos séculos de narrativas que moldaram a cidade natal de Adolfo Caminha. Cada texto é uma peça do mosaico que compõe a identidade desta cidade brasileira. Pereira Filho, com olhar atento e sensibilidade histórica, objetivou apresentar ao mundo uma obra que não apenas informa, mas também inspira. “Aracati era assim” é, segundo o autor, um convite para entendermos as motivações que continuam a tecer o presente da Terra dos Bons Ventos.
No dia 27 de julho de 1959 a ponte Presidente Juscelino Kubitschek era inaugurada e instaurava em Aracati um novo tempo. O isolamento pelo qual a cidade havida sido submetida, pois o seu porto de antanho já não operava como em tempos de prosperidade econômica, tinha a partir daquele feito chegado ao fim.
O artigo Ponte Presidente Juscelino Kubitschek de autoria de Antero Pereira Filho principiou mais uma coleção do selo editorial Terra Aracatiense organizado pela Associação Artístico Cultural Lua Cheia (AACLC). A coleção Cadernos de História reunirá em 10 volumes fatos históricos ocorridos na cidade de Aracati no último século. Antero Pereira Filho principiou a citada coleção com seu artigo que trata sobre a história política da Ponte JK que no dia 27 de julho completou o seu cinquentenário.
Para quem não está acostumado com a terminologia, sesmarias eram chamados os lotes de terras dados (daí a palavra data) pelos reis de Portugal a determinadas pessoas (sesmeiros) para serem cultivados. No caso do Jaguaribe, isso aconteceu a partir de 1681 e é um capítulo da nossa história que precisa ser mais bem estudado, porque da forma como os historiadores o descreveram tem lacunas que deixam os leitores confusos e que permitiram um equívoco que perdura até hoje.
A 11ª Semana de Museus, realizada pelo IBRAM- Instituto Brasileiro de Museus, a ser realizada de 13 a 19 de maio, terá como tema: criatividade e memória como vetores para as transformações sociais.
A ocupação na Ribeira do Jaguaribe foi marcada pelo conflito entre os colonizadores e os indígenas da região. O objetivo dos colonos era transformar as terras “inúteis” em terras produtivas, ou seja, implantar uma atividade econômica que gerasse lucro. A pecuária foi a atividade que possibilitou a ocupação da terra cearense. Dominar, catequizar ou mesmo exterminar os índios evidencia o processo violento que estigmatizou a conquista da região jaguaribana pelos colonos.
As histórias da literatura brasileira categorizaram Adolfo Caminha como um autor contraditório, frágil e menor, talvez marginal se pensado em relação aos grandes nomes do período. Preferimos chamá-lo de um autor tenso. Tenso em relação às transformações que marcaram aquele “início” do século XIX, pois, ao mesmo tempo em que ele as louvava e pedia por elas, ele também as via com desconfiança, destacadamente no caso da entrada do Brasil no mercado consumidor de bens importados, que a seu ver ameaçava a cultura e os costumes locais, como é possível apreender da leitura de sua coluna intitulada de “Sabbatina”, no jornal O Pão, da Padaria Espiritual.
Neste porto não embarcam mais escravos! Bradou com voz de estetas o principal dos jangadeiros, Francisco José do Nascimento, que posteriormente teve o apelido de Dragão do Mar. Não embarcam! – repetiam os demais jangadeiros, repetiu a multidão ansiosa expectativa, apinhoada na praia. Os mercadores de homens não esperavam por esta e, diante do que acontecia, resolveram contemporizar. O episodio aliás, era o golpe final vibrado na escravatura. Esse dia que os trabalhadores do mar ditaram a sua palavra passou a história. Consoante o imperativo brado, nunca mais no porto da capital cearense houve embarque de cativos.122
[...]só a partir da segunda metade do século XVIII, quando predominaram orientações pombalinas sobre a política e a economia portuguesas, o território dos sertões da capitania geral de Pernambuco foram de fato inseridos nos projetos de colonização da Coroa Portuguesa. Antes disso, a insistente comunicação entre os funcionários régios e a administração que se concentrava em Lisboa era a única maneira de “pressionar” o rei por medidas de impor justiça nos sertões.
O ilustrado dr. Paulino Nogueira, de saudosa memória, falecido em 15 de junho de 1908, ocupou-se na Revista do Instituto do Ceará, Tomo VIII pág. 279 a 287 das execuções de pena de morte do preto Luiz, e do preto forro, Domiciano Francisco José, enforcados na Aracati em 1840 e 1852; mas como o trabalho do ilustre historiador, à falta de esclarecimentos, se ressinta de erros e omissões, que exigem correção, por isso, a bem da verdade histórica, me propus fazer esta exposição não só firmado em informações de pessoas antigas e verdadeiras, como nas peças do processo instaurado contra Domiciano e outros documentos autênticos, a fim de suprir os defeitos do referido trabalho, visto o seu autor, em consequência de sua morte, não ter podido fazer as correções devidas, de conformidade com os documentos, que lhe remeti no princípio de janeiro de 1908.
Em comemoração à primeira visita deste antístite – “primeiro bispo do Ceará, foi construído, à entrada norte da Rua Conselheiro Liberato Barroso (atualmente rua Cel. Alexanzito), numa das praças da cidade, que passou a chamar-se Praça Dom Luiz, uma pirâmide de alvenaria, com altura, aproximadamente, de 10 metros.
Situada numa das principais avenidas de Aracati-Ce, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário desponta impávida mediante a efervescência de nossos dias. A edificação é uma espécie de memória do tempo, da religião católica, reminiscência das irmandades que havia em Aracati. O mais antigo registro nos traz a informação que a primeira edificação foi construída de taipa na antiga rua do piolho, atual Avenida Coronel Pompeu e nela rezavam os escravos aos domingos os seus terços até que o capitão Feliciano Gomes da Silva e sua mulher Floriana Ferreira da Silva, em 1777, fizeram doações de pedra e cal, para seu patrimônio e requereram licenças para erigir e benzer a capela com o título de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a qual seria mantida pela irmandade de igual denominação.
O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.