Arte

Sunday, 22 May 2022 20:23

OS ACORDES HISTÓRICO-MUSICAIS DE NETINHO PONCIANO

Escrito por
Avalie este item
(0 votos)
Fotomontagem. À esquerda, CONJUNTO GIMARA ( Ginásio Marista de Aracati ). Da esquerda para a direita: bateria Netinho Ponciano, vocais Sérgio Seresteiro, Luiz de Alexandre, um pouco atrás, Ir. Gonzaga. Foto de 1966. Fotomontagem. À esquerda, CONJUNTO GIMARA ( Ginásio Marista de Aracati ). Da esquerda para a direita: bateria Netinho Ponciano, vocais Sérgio Seresteiro, Luiz de Alexandre, um pouco atrás, Ir. Gonzaga. Foto de 1966. Acervo: Netinho Ponciano.

Netinho Ponciano é um dos personagens nascidos na cidade de Aracati cujas contribuições para a cultura e para a arte somam-se, além de sua própria história, à efervescente existência de coletivos musicais e artistas na cidade dos Bons Ventos em meados do século XX. Desde tenra idade sua identificação com a arte, especialmente a música, encontra registro na participação, como baterista, da banda Gimara, grupo formado por jovens alunos do colégio Marista de Aracati-CE.

Aquele momento vivenciado na infância foi de grande relevância para a consubstanciação do artista em que se tornou. Um livro não seria suficiente para narrar os inúmeros eventos musicais os quais teve oportunidade de participar. Indubitavelmente a história musical aracatiense tem seu nome como importante incentivador e exímio músico. Urge para tanto que a memória dessas vivências encontradas como vestígios na memória de seus contemporâneos, e acervo sonoro fruto do registro das apresentações do Grupo Os Espaciais entre outros, sejam organizados em edição para a posteridade como justo tributo à sua contribuição na arte para a cena local e Vale Jaguaribano. Essa coluna certamente não terá como esvaziar o tema dada a vasta contribuição de Netinho nesse mister. Todavia, queremos lançar luz ao seu contributo, sobretudo em relação ao trabalho em memória e fotografia que tem desenvolvido nesses últimos anos.

Certa vez, flagrei um desses instantes do trabalho realizado por Netinho. Com seu caminhar sereno ia pela Rua Grande ao encontro de pessoas interessadas no minucioso trabalho de desvelar na fotografia o nome dos ilustres anônimos que jaziam impregnados no papel. Ele visitava várias pessoas com o intuito de conseguir encontrar o fio da memória que enredasse a história da imagem e seus participantes em cada fotografia. Esse misto de entrevista e arqueologia da imagem precisava ser refeito quantas vezes fossem necessárias com a finalidade de dar legitimidade às informações coletadas.

O primeiro momento nascia com a imagem fotográfica. O segundo, com o relato e testemunho daqueles que viveram o fato histórico ou dele ouviram falar dos mais velhos. No terceiro momento, diante do computador, ele compartilhava o fruto da memória revelada em postagens efetivadas em sua página no Facebook. A cada nova imagem, o ciclo era refeito. Esse rigor no registro das informações, tomei conhecimento, foi influência de sua mãe, Aldeize Ponciano- uma aficionada pela fotografia em preto e branco. Desse incessante e minucioso trabalho surgiram as informações que passaram a acompanhar cada imagem.

O trabalho com memória iniciado por Netinho Ponciano aguçou o interesse das famílias aracatienses e de muitos interessados em história e memória. Pouco a pouco outras imagens foram sendo incorporadas ao acervo dado o acurado trabalho realizado pelo músico.

Quando olhamos as imagens que compartilha, somos convidados a perscrutar o tempo e suas reminiscências e a entender sobre a dinâmica da cidade e sua sociedade ao longo dos anos.

Sei que desse seu gesto, revelador em sua essência, nascerão novas histórias. Sei que ao perceber o tempo da imagem, percebo ciclos que se interpenetram e se renovam. O tempo e sua fabulosa máquina fazendo traçar a teia a nos enredar...

Toda vez que peço à Netinho para falar sobre a motivação que o movimenta a fazer esse trabalho, a voz dele parece embargar, faltam-lhe vocábulos. Nesse momento percebo que preferiria pegar o violão e responder às minhas indagações com sonoros arpejos- a música a falar da história e suas imagens metafóricas. Por esses e outros acordes é que precisamos conhecer Netinho Ponciano.

 

Para conhecer o trabalho de Netinho Ponciano com fotografias e memória da imagem aracatiense acesse: https://www.facebook.com/netinho.ponciano.1


Matéria publicada na Revista Gente de Ação. Ano XXI. Nº 180. Maio de 2022.

 

Lido 1064 vezes Última modificação em Monday, 31 October 2022 21:15
Marciano Ponciano

MARCIANO PONCIANO- Sou natural de Aracati-Ce, terra onde os bons ventos sopram. Na academia da vida constitui-me poeta, realizador de sonhos, encenador de máscaras. Na academia dos saberes acumulados titulei-me professor de Língua Portuguesa e especializei-me em Arte-Educação. O projeto de vida é semear a arte por onde passe: teatro, poesia, artes plásticas- frutos da experiência acumulada em anos dedicados a ser feliz. Quando me perguntam quem sou - ator, poeta, encenador, artista plástico, educador? Afirmo: - Sou poeta!

Publicou:

Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. própria. Aracati-CE. 1996.

Caderno de Literatura Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2006.

aracaty. Caderno de Literatura Poetossíntese. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2010.

Faça login para postar comentários

Sobre nós

O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.