Aracati

Saturday, 26 August 2017 14:43

ARACATI | A PRESENÇA AFRICANA

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ARACATI | A PRESENÇA AFRICANA Debret

Além dos indígenas, povos africanos foram utilizados como mão de obra na economia colonial. O tráfico de africanos era feito por comerciantes europeus que os traziam como escravos em navios (chamados de negreiros ou tumbeiros) da África até o Brasil. Em média, a viagem durava de 30 a 45 dias e eram péssimas as condições de vida dos africanos escravizados nestes navios; havia pouca água, pouca comida, sempre de péssima qualidade; as condições eram sub-humanas. Os africanos, quando chegaram ao Brasil, passaram a fazer parte da sociedade na condição de escravos, como uma cultura dominada, impossibilitada de se manifestar livremente. O trabalhador escravo era uma mercadoria, que podia ser vendida, trocada ou alugada pelo dono, e, por isso, tinha alto valor comercial. O Brasil comprou milhões de escravos no período colonial. A mão de obra dos negros foi explorada principalmente nas grandes plantações de cana-de-açúcar, em Pernambuco e na Bahia e, depois, nas plantações de café do sul do Brasil.

No Ceará, alguns fazendeiros também compraram escravos, apesar do fluxo de escravos africanos em terras cearenses nunca ter sido tão intenso quanto foi em outras capitanias.

Os africanos que vieram para o Brasil não eram originários do mesmo lugar, apesar de virem do mesmo continente. Isso dificultou a integração dos africanos, já que os hábitos e a cultura de um modo geral, bem como a língua falada, eram, por vezes, bastante diferentes. Na África, existiam vários povos de diferentes culturas e uma imensa variedade étnica. As diferenças dos africanos podem ser percebidas nas fisionomias e nos costumes que cada grupo apresentava.

Na pintura [...] é possível percebermos alguns grupos étnicos de africanos trazidos ao Brasil por conta do tráfico negreiro. São eles: monjolo, mina, moçambique e benguela.

Assim como os indígenas, os africanos também resistiram à escravidão. Eles desenvolveram diversas formas de resistência, tais como revoltas, fugas, agressão aos feitores e senhores, organização em quilombos, compra de alforria, formação de irmandades religiosas, dentre outras práticas cotidianas que tinham o intuito de escapar da escravidão e melhorar suas condições de trabalho e vida.

No Ceará, existem alguns grupos que ainda hoje buscam o reconhecimento como comunidades de remanescentes de quilombos. Os quilombos foram formados por grupos de escravos que escapavam do domínio dos seus proprietários.

Algumas comunidades acreditam que a sua ancestralidade se remete aos escravos fugidos e organizados em quilombos e se reconhecem como quilombolas.

Atualmente cerca de 29 comunidades se denominam como quilombolas no Ceará. Uma das últimas a receberem o certificado da Fundação Palmares foi a comunidade de Córrego de Ubaranas, no município de Aracati. O mais importante é que os escravos, apesar das condições desumanas a que eram submetidos, conseguiram participar ativamente da formação da sociedade brasileira e seu legado cultural é presente e reconhecido nos dias atuais. Veja o texto abaixo:

Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, a capoeira foi a 14ª expressão artística reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira por decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan1)

SILVA, Raulene Gonçalves Oliveira da; MARIZ, Silviana Fernandes. Construindo Aracati - 1 ed. - Fortaleza: Edições Demócrito Rocha/ Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ Brasil - Ministério da Cultura/ Governo do Estado do Ceará/ Banco do Nordeste, 2011. p. 49-50.


[1] Fonte: Texto adaptado de “Capoeira é registrada pelo Iphan como patrimônio brasileiro”, publicado pelo jornal O POVO em 15 de julho de 2008.

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