No Ceará, alguns fazendeiros também compraram escravos, apesar do fluxo de escravos africanos em terras cearenses nunca ter sido tão intenso quanto foi em outras capitanias.
Os africanos que vieram para o Brasil não eram originários do mesmo lugar, apesar de virem do mesmo continente. Isso dificultou a integração dos africanos, já que os hábitos e a cultura de um modo geral, bem como a língua falada, eram, por vezes, bastante diferentes. Na África, existiam vários povos de diferentes culturas e uma imensa variedade étnica. As diferenças dos africanos podem ser percebidas nas fisionomias e nos costumes que cada grupo apresentava.
Na pintura [...] é possível percebermos alguns grupos étnicos de africanos trazidos ao Brasil por conta do tráfico negreiro. São eles: monjolo, mina, moçambique e benguela.
Assim como os indígenas, os africanos também resistiram à escravidão. Eles desenvolveram diversas formas de resistência, tais como revoltas, fugas, agressão aos feitores e senhores, organização em quilombos, compra de alforria, formação de irmandades religiosas, dentre outras práticas cotidianas que tinham o intuito de escapar da escravidão e melhorar suas condições de trabalho e vida.
No Ceará, existem alguns grupos que ainda hoje buscam o reconhecimento como comunidades de remanescentes de quilombos. Os quilombos foram formados por grupos de escravos que escapavam do domínio dos seus proprietários.
Algumas comunidades acreditam que a sua ancestralidade se remete aos escravos fugidos e organizados em quilombos e se reconhecem como quilombolas.
Atualmente cerca de 29 comunidades se denominam como quilombolas no Ceará. Uma das últimas a receberem o certificado da Fundação Palmares foi a comunidade de Córrego de Ubaranas, no município de Aracati. O mais importante é que os escravos, apesar das condições desumanas a que eram submetidos, conseguiram participar ativamente da formação da sociedade brasileira e seu legado cultural é presente e reconhecido nos dias atuais. Veja o texto abaixo:
Expressão brasileira surgida nos guetos negros há mais de um século como forma de protesto às injustiças sociais, a capoeira foi a 14ª expressão artística reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira por decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan1)
SILVA, Raulene Gonçalves Oliveira da; MARIZ, Silviana Fernandes. Construindo Aracati - 1 ed. - Fortaleza: Edições Demócrito Rocha/ Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ Brasil - Ministério da Cultura/ Governo do Estado do Ceará/ Banco do Nordeste, 2011. p. 49-50.
[1] Fonte: Texto adaptado de “Capoeira é registrada pelo Iphan como patrimônio brasileiro”, publicado pelo jornal O POVO em 15 de julho de 2008.