O Sr. Benedito dos Santos, em 1918, procedeu a uma laboriosa pesquisa sobre a citada Matriz, contendo tantos dados históricos relevantes com minúcias de detalhes, que o Instituto do Ceará, os considerou tão importantes que registrou os escritos do Sr. Benedito em uma de suas revistas. Como se sabe, o Instituto do Ceará é a entidade de maior acervo histórico do Estado.
Enumeramos abaixo resumos de alguns fatos e valores que o Sr. Benedito dos Santos pesquisou, que vale a pena resgatar:
- O entalhe de madeira da capela-mor veio de Pernambuco e custou 620$000 (seiscentos e vinte mil réis) e o carpinteiro que a montou no local foi o Sr. Correia de Sá;
- O sino maior da Matriz, que pesa 550 quilos, custou 577$000 (quinhentos e setenta e sete mil réis) e o menor (80 kg), custou 300$000 (trezentos mil réis);
- Em 1827, dona Maria da Piedade Martins, esposa do português João Dias Martins, natural de Torres-Vedras, Portugal, doou um rosário de ouro de grande valor para N. Sra. do Rosário. Em maio de 1876, roubaram o mencionado rosário. O Tabelião Major Antônio da Costa Lobo, em 7 de outubro de 1877, fez doação à mesma Santa, de outro rosário de ouro, no valor de 100$000 (cem mil réis).
- Francisco José da Costa Barros fez doação de um crucifixo de marfim para a Matriz, em 23 de julho de 1829, com a condição de não poder ser doado e nem alienado. O crucifixo custou 50$000 (cinquenta mil réis). Mas, em 1858, foi entregue ao maestro Vicente José Zaranza, como pagamento de seus serviços prestados durante a Semana Santa. Sete anos depois, ou seja, em 1865, o Juiz de Direito Francisco de Assis Oliveira Maciel, fez restituírem o crucifixo à Matriz, a pedido dos herdeiros do doador.
- Em 1839, chegou de Lisboa a lâmpada de prata comprada por 400$000 (quatrocentos mil réis). A lâmpada foi encomendada por Domingos José Pereira Pacheco, que forneceu quase toda a prata necessária à confecção da dita lâmpada.
- Em 8 de junho de 1845, foi registrado em ata que dona Rosa Pacheco, esposa de rico comerciante, mandou construir o altar de N. Sra. da Conceição, onde despendeu a importância de 1:415$800 (um conto, quatrocentos e quinze mil e oitocentos réis), incluindo a construção, pintura e dourado, tudo acompanhado diariamente por ela.
- Em 31 de janeiro de 1860, foi dado como inaugurado, depois de benzido, o Cemitério Público, o que fez cessar os enterros na área da Matriz, sendo que o último foi o de uma criança, no dia anterior à inauguração.
- O relógio existente na torre começou a ser instalado no dia 20 de novembro de 1879, e concluído a 25 do mesmo mês. No dia seguinte passou a trabalhar regularmente. Custou (um conto e 500 mil réis), importância esta que foi fruto de subscrição junto ao povo e, em Recife, também houve subscrição que rendeu vultosa quantia. Não esquecer que o período de 1877 a 1879 foi de terrível seca.
- Em 1909 foi instalado aparelho de luz acetileno para iluminar a Matriz.
- Quando Pároco em Aracati, o Mons. Bruno (Bruno Rodrigues da Silva Figueiredo), mandou mudar a iluminação de acetileno por energia elétrica. Quem instalou o grupo gerador foi o Sr. Henrique Klein, segundo me informou o seu filho Luciano Klein. Para os que não se lembram, o Sr. Henrique era irmão de Jacques Klein, avô do famoso pianista internacional, nascido no Aracati, que também se chamava Jacques Klein (30.07.1930 — 23.10.1982).
Fonte:
FERNANDES, Leônidas Cavalcante. A Matriz de Aracati e algumas despesas. In: FERNANDES, Leônidas Cavalcante. Retalhos da História. Fortaleza: Abc Editora, 2009. p. 68-70.