E, assim o descreve:
"Funciona no prédio à rua do Rosário (lado norte da esquina que essa rua faz com a antiga travessa Riachuelo, atualmente, Barão de Messejana, local da agência da Teleceará/Telemar - observação do Autor), "nele se vê magnífico cenário e duas ordens de camarotes. A plateia pode comportar 300 pessoas. É bem decorado e satisfaz perfeitamente as exigências do público amador. Ali se tem levado à cena bons dramas e alegres operetas". [...]
Na foto do arquivo de José Bezerra Monteiro, anterior a 1922, da direita para a esquerda, o prédio residencial n° 389, hoje 476, da rua Cel. Pompeu (antiga rua do Rosário), e, em seguida, o em que funcionou a usina de beneficiamento de algodão de Costa Lima & Myrtil e, adiante, o edifício do Teatro Santo Antônio, na esquina da outrora travessa do Riachuelo, estes dois últimos demolidos na década de 80, pelo poder público municipal. [...]
O Teatro Santo Antônio não somente proporcionava à população aracatiense atraentes festivais de música, excelentes concertos, com a participação das bandas locais, especialmente, a Filarmônica Zaranza, a Filarmônica Figueiredo e a Charanga 24 de Maio, executando o que de melhor constava de seus selecionados repertórios [...], como, outrossim, estimulava os jovens amadores a se envolverem em atividades cênicas.
E os pendores despertavam, estimulando iniciativas neste tocante.
Plena de entusiasmo e dedicação total surge, então, a prata de casa [...]: Grêmio Taliense Recreativo, Recreio Dramático Familiar e Grêmio Dramático Aracatiense, "com esplêndidas noitadas de arte".
"Como esquecer os ardores teatrais de plêiade tão garbosa e as clássicas peças, de capa e espada, João, o Corta Mar, Jocelin, o Pescador de Baleia, Brasileiros e Portugueses, Os Dois Sargentos, Esposa e Mãe, Nódoas de Sangue, O Louco da Aldeia, Orgulho Abatido, Lobo do Mar, O Dedo de Deus" ?! [...]
Os festivais se sucediam, atraindo a todos, indistintamente, de modo a influenciar, destacadamente, a elite social, sempre presente ao Teatro Santo Antônio de Aracati, "com suas clássicas e caríssimas indumentárias, salienta Ezequiel Silva de Menezes, como se fossem a um espetáculo lírico no Municipal do Rio de Janeiro". [...]
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Em 1911, o Teatro Santo Antônio passou por uma substancial reforma, sendo solenemente comemorada a sua reabertura, no dia 19 de novembro, em sessão lítero-musical, presidida pelo excelentíssimo senhor Juiz de Direito da Comarca Dr. Pedro Paulo da Silva Moura.
A conferência sobre "Aracati e seu Progresso" "ficou a cargo do jovem intelectual Alberto Jacques Klein. A parte musical, sob a responsabilidade da Filarmônica Figueiredo que, então, era regida pelo maestro João Gomes da Silva.
A comemoração atraiu grande público que teve a oportunidade de ouvir músicas de Bellini, a ópera O Guarani, de Antônio Carlos Gomes, e a Marcha Nupcial, 4ª parte de um concerto de Felix Mendelssohn Bartholdy. Registro encontrado na já citada revista A Estrella, edição de dezembro daquele ano (1911). [...]
LEAL, Hélio Ideburque Carneiro. Bandas de Música de Aracati. Aracati: Minerva, 2003.