O texto é protagonizado por Apoena uma jovem índia tupi que tem a função de guiar seu povo diante das adversidades de um tempo marcado pelo impacto do projeto colonizador português nas terras que viriam ser denominadas Brasil.
O plano histórico é utilizado na elaboração da trama com o objetivo de situar no tempo e no espaço personagens, tensões e conflitos. A fonte historiográfica funcionou como um trampolim para arquitetar uma reflexão atemporal que suscita da assistência uma relação direta com temas presentes no cerne da humanidade: ira, discórdia, traição, esperança e fé.
Após 13 anos de sua primeira montagem, a peça será reapresentada no dia 22 de outubro pelo Grupo Dias de Teatro como parte da programação do Intercâmbio Cultural e Esportivo Vicentino, realizado pelo Instituto São José.
A segunda montagem surge num momento em que o país vive o desmatamento criminoso da floresta amazônica, entre outros problemas de ordem ambiental como as queimadas ocorridas no pantanal brasileiro. A natureza devastada com a exploração ilegal de seus recursos é o centro da agonia dos povos tradicionais. Invasão de áreas de proteção ambiental, poluição de rios, pesca e garimpo ilegais são outros agravantes desse tema que expõem a face nua e crua desse problema.
Em “aracaty” vemos sob a ótica da ambição humana o extermínio de populações inteiras de índios da terra de Iracema. Sob a grave crise instalada pelo projeto de colonização português assim afirma Antônio Bezerra: “Enquanto não foram eles completamente aniquilados pelas armas, nunca puderam os brancos estender o seu domínio, no século XVII, além da aldeia junto ao forte ou além de outro arraial na barra dos rios." O tema abordado pela peça se reveste de atualidade e exige de todos uma atitude para além da indignação que faça surgir um novo tempo que se deseja sustentável e harmonioso.
EM TEMPO
A primeira montagem da peça realizada pelo Grupo Dias de Teatro ocorreu em 2009 sob a direção de Silvanise Ponciano. A cena foi apresentada nas dependências do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora mantido pelas Filhas de Maria Auxiliadora, em Aracati-CE.
Em 2010, a peça foi publicada pelo selo editorial Terra Aracatiense, projeto instituído pelo Grupo Lua Cheia de Teatro.
Matéria publicada na Revista Gente de Ação (ANO XXI • Nº 182 • OUTUBRO 2022).