MARCIANO PONCIANO - Na poesia cabe...
RAY LIMA – “Pequenas multidões,”(Mano Melo). Cabe do que nasce da imaginação, ou do “espanto”, como diria Ferreira Gullar, ao que move a sensibilidade, nos envolve e preenche de beleza e encantamento. O que ao ser em “estado de poesia” interessar. Tudo cabe. Tudo que advier da observação, do sensível e se permita revelar pelo nosso olhar profundo. Toda forma de sentir, refletir, perceber a vida, a existência.
MP - Quando o teatro entra em cena na sua experiência estética?
RL - Efetivamente, no final dos anos 1970 e início dos 80, no Rio de Janeiro. Vêm-me à cabeça imagens da luminância de juventude, das sonhações, do teatro amador feito bairro a bairro em territórios urbanos cariocas que trilhei com a moçada do Grupo Revelação de Teatro de Realengo, mantido e cuidado por vários anos pelo mestre Fernando de Oliveira. Lembro bem do movimento estudantil, dos jornais universitários “O Bonde” e “Adalberto”; da ocupação por um bom tempo que fizemos do Teatro dos Alunos, atual Noel Rosa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ. Daí, fomos poetizando os auditórios da universidade, suas rampas, os halls, as salas de aula, agitando culturalmente os espaços acadêmicos e culturais da cidade, refletindo sobre a condição da juventude e do povo brasileiro naquele momento histórico. A poesia manifesta dos nossos corpos “vibráteis” e sedentos por mudanças ganhava as ruas, invadia os bares, praças e universidades.
Nas praças, a turma do grupo Poça D' Água e seu projeto maravilhoso chamado PASSA NA PRAÇA QUE A POESIA TE ABRAÇA mobilizava poetas e diferentes expressões artísticas para uma poética de libertação, amorosidade e “esperançar” pela redemocratização, por outro país possível.
Na Cinelândia, de um lado o Mestre Amir Haddad com seu grupo Tá na Rua e, de outro, o maestro do riso e da rua, o grande palhaço Tigre, que mantinha seu público durante horas sem arredar o pé, era mágico. Não há como esquecer a “Feira de Poesia Independente todas as sextas-feiras no entorno do Amarelinho e Teatro Municipal, centro do Rio, reunindo artistas e poetas, que declamavam seus poemas e expunham varais improvisados para o público”, mostrando que a rua naquelas circunstâncias era caminho de retorno à democracia e espaço de libertação das gentes oprimidas e massacradas pelo regime militar.
Quanto aprendemos daqueles tempos sombrios enquanto buscávamos sacudir a lama, curar feridas e traumas, limpar os salpicos de sangue e estancar a violência política e simbólica da ditadura militar. Tudo isso exigia coragem e poder de criação para agir sobre a estupidez, a ameaça, o medo, o extermínio e a opressão que, no Brasil, representa um mal intermitente, uma doença endêmica que ressurge sempre em forma de golpes letais no corpo frágil da liberdade neste país. Sobretudo, encaramos os desafios da época com muita poesia, teatro, luta pela democracia e arte em todos os cantos da cidade maravilhosa.
Neste cenário de incertezas, lutas e resistências, emergia para mim a Cenopoesia que me chegou primeiro como um estranhamento, depois como possibilidade de linguagem e modo de existir, tornando-se a linguagem das linguagens de minha existência. Já habitando em mim, permaneceu por tempos como uma incubação, latente, em meu corpo efervescente e sedento por liberdade, eclodindo como um ovo iguânico, ganhando vida e expressão, manifestando-se livre e teimosamente, demarcando suas singularidades e diferenças em um contexto político e cultural adverso, reconfigurando-se à medida que se efetivava e se expandia como pulsante sonhação, ideia nutrida e repleta de ação. Assim como répteis fomos também nos reinventando com ela e nos “erguendo, equilibrando e deslizando no íngreme espaço-tempo das relações que levam a autoconstruções e desconstruções intermináveis”; lendo os mundos, suas histórias emergentes e de origem, desafiando-as, reescrevendo-as, dando vazão e asas a novos modos de pensar/criar, à vontade de revolução permanente que em mim passou a devir.
A Cenopoesia provocou-me a reinvenção de mim mesmo como modo de existência. Em mais de três décadas, estive sempre em busca de uma linguagem que não apenas me representasse no campo das ideias, do pensar. Uma linguagem que não apenas me fizesse perceber reduzido a uma metáfora ou mera figura de linguagem. Porém, me fosse, para além de um ícone, signo ou instrumento, o próprio pensar/criar/agir, revelando-me a mim mesmo muitos outros possíveis; anunciando-me como inúmeros impossíveis realizáveis que se fazem energia vital, criadora; tratada e cuidada como essencial, indispensável ao co-existir criativo, indo além de mim, fluindo coletivamente, expandindo-se universo adentro e afora. Cada vez que se me assenta no corpo, a Cenopoesia, e se firma como linguagem ou modo de existir, eu também me afirmo como potência criadora, como ser livre, enriquecido, interdependente e em constante construção “na relação com outros macro e microuniversos-mundos.”
MP - O que é cenopoesia?
RL - Faço-me esta pergunta há mais de três décadas. E por não ter encontrado, ainda, uma resposta plausível e, talvez não encontre nada em definitivo, prefiro seguir vivendo-a para aprendê-la, mais até do que explicá-la ou descrevê-la simplesmente. Paulo Freire nos ajuda a refazer a pergunta. Em vez de quem sou? Devo perguntar: como cenopoeticamente estou sendo? Quando falo Cenopoesia não estou me referindo a algo distante, falo de mim, do meu existir criativo e reflexivo no exercício cotidiano de viver e refletir sobre aquilo que estou a viver para dar-me conta do que estou sendo e poderei ser mais."
“Estudioso e aprendiz de mim, observador auto-observante dou-me conta do meu estar-sendo curioso como microuniverso singular sempre em formação, mas apto a transformar pela linguagem em ação o simples viver em existir criativo e reflexivo.” E, enquanto percebo e reflito o viver, apercebo-me do que há de substancial nele, nesse acontecimento da vida em comum, em ato cooperativo e cuidadoso. Mas o que vem a ser esse acontecimento, esse fenômeno que chamamos “Cenopoesia”?
Em “UM SER EM RODOPIOS REFLEXIVOS NOS LIMITES DA LINGUAGEM - roteiro para possíveis atos,” reporto-me a “um conversar brincante, um processo que se dá como um modo de existir, do conhecer no conviver, onde são postas em diálogo as linguagens, os repertórios humanos, as experiências vividas pelos(as) cenopoetas em suas comunidades de origem e os mundos com os quais interagem e aprendem que, ao conversar brincando e refletindo, se apercebem mais humanos; capazes de con-viver e revelar em ato novas possibilidades de vida mais cooperativa, cuidadosa e amorosa. E ao sentir-se e cuidar-se como ecossistema podem evitar catástrofes e o próprio fim como espécie; e ao cuidar das relações, gerar espaço de convívio e aprendizagens entre diferentes diferenças, tendo a cooperação e o cuidado reconhecidos como um valor e um bem comum. Na compreensão deste con-viver cenopoético pode estar a explicação da Cenopoesia e a importância das relações na construção da qualidade mesma do viver e de tudo que somos e fazemos.”
Em outra perspectiva, a cenopoeta, pesquisadora e educadora Josevânia Dantas em sua dissertação de mestrado traz uma possível síntese:
“Cenopoesia: “... um processo de criação democrático e aberto, acolhendo nos seus atos todas as formas de expressão, saberes, de experiências e de linguagens por meio de diálogo autônomo e afetivo. Busca superar a excepcionalidade artística de modo a restaurar a condição ontocriativa das pessoas.
A Cenopoesia emerge em solo popular, sendo praticada por pessoas que estão envolvidas, ativas, na transformação do meio onde vivem. Configura-se como manifestação em prol da liberdade criativa, da democratização comunicativa, da emancipação humana, fortalecendo-se como uma forma inventiva de resistência criada pelo povo para se fazer presença histórica. (DANTAS, 2015, p.9).”
Porém, tudo que dissemos aqui é por enquanto, ou seja, estamos falando do estágio em que nos encontramos, do que fomos capazes de perceber e discernir até agora. Outros existires virão e com eles novas percepções e reflexões que nos permitirão tornar visível o invisível e realizável o impossível. Talvez, como já dissemos antes de outro jeito, mais interessante que concentrar esforços para chegar a um conceito determinado e acabado seja construir perguntas imprescindíveis à potencialização e ao fortalecimento da práxis cenopoética.
Neste sentido, indago: seria a Cenopoesia um ecossistema de linguagens, saberes e práticas humanas em movimento, sustentado por uma teia de relações cooperativas; tecida com energia vital tratada capaz de reativar as “potências de criação”, nutrindo as “paixões alegres”(Spinoza) e capacidades de reexistências do ser ao estar-sendo pelo conversar brincante, em forma de ato, no fluxo e refluxo da maré do linguagear?
E, navegando nesse mar de complexidades que são as relações humanas, vislumbramos a linguagem da vida em ato que considera a emoção e anima as múltiplas inteligências do corpo a assumir funções ecossistêmicas; criando ambientes de interação e cooperação, onde o ser em relação com outro não precisa se camuflar pelo ego em discursos frios, fragmentados, sem ação congruente e vazios de afeto. De modo que não há o que esconder nem aparentar, pois o ambiente cenopoético não se pauta pelos princípios da linguagem da guerra, de defesa e ataque, valendo-se de recursos como camuflagem, desagregação e competição; ou apelando para perversidades fora do jogo do “conversar brincante”, como as tramas midiáticas de desinformação e má fé, entre outras armas antidialógicas e ideológicas de dominação. A Cenopoesia aposta na horizontalidade das relações com base no tratamento de energia que leva à escuta, ao diálogo, à amorosidade e ao convívio com anúncio de imagens-mundos e inéditos modos de existir em comum.
MP - Na sua visão, como a cenopoesia, com sua característica plural de expressão e diálogo entre diferentes linguagens, saberes e experiências, contribui para a formação de indivíduos críticos e para a construção de uma sociedade mais justa e democrática?
RL - A Cenopoesia vem sendo estudada, cada vez mais praticada, pesquisada e se afirmando como linguagem do encontro, do diálogo e sempre em construção. E, como tal, um lugar de aprendizagens, sonhações e experimentações de mundos. Quando a partir do encontro entre linguagens experimentamos construir sínteses cenopoéticas ou imagens-mundos e vivê-las em forma de ato estamos experimentando pensar/criar e viver mundos possíveis ainda não vividos ou impossíveis realizáveis. Aí está a potência da Cenopoesia, romper com a cultura do esforço coletivo de manutenção da farsa do mundo único e colocar as nossas potências de criação para revelar e ousar viver impossíveis realizáveis, modos de existir ainda não institucionalizados nem capturados pelo sistema, com base no diálogo, no tratamento de energia que eleva e liberta, une, potencializa e amplia o bem comum.
Por tanto, o pensar cenopoético exige uma prática cenopoética. Quando penso Cenopoesia trago à tona minha experiência cenopoética, meu modo de existir e com ele uma ou mais possibilidades de mundo. E se não nos é possível ser fora da linguagem ou, de outra maneira, “se somos na linguagem” (wittgenstein) e a Cenopoesia se faz linguagem de minha existência, ela também passa a ser minha cosmovisão (cenopoética) e lugar de produção de imagens-mundos e ou, no dizer de Suely Rolnik, de “instauração de mundos”
Quadra funda
o espaço, cosmo e visão;
o corpo solto no ar,
um avião que quer pousar
sem campo de aviação.
a leveza ali é tanta
que o tempo de si esquece,
o corpo do ser amolece,
a gente sente se espanta.
um pretexto, uma vontade,
o contexto que se abre;
a síntese que se constrói
em diálogo e alegria.
a fantasia, o devaneio,
a alma livre que voa;
o ser que se diz à toa,
a criação que daí flui.
(Lima, Ray. Quadra funda. -In OS RIOS SÃO POETAS. Ed. Universo de Aprendizagens Icapuí Cenopoética 2018)
MP - Quais os desafios da criação cenopoética no contexto atual?
RL - Diria que ir “do ser na linguagem às linguagens do ser", ampliando o esforço criativo comunitário para aprofundar e fazer da práxis cenopoética uma prática da vida comum em ato. O desafio cenopoético talvez, mais do que ser na linguagem, é sê-la e vivê-la. E, ao vivê-la, poder estar-sendo com os modos de existir e os mundos que com outrem somos capazes de instaurar.
Como desvelar as senhas de acesso ao ser do outro e nos dispormos a revelar as nossas próprias senhas sem medo de nos darmos ao diálogo que constitui o encontro, espaço de construção de sínteses ou imagens-mundos? É neste contexto, em mundos assim, que “apercebo-me potência porque capaz de me melhorar, de me refazer de mim constantemente enquanto em vida necessidade houver. Nem fácil nem difícil, mas urgente e necessário.” (Lima, Ray)
O desafio cenopoético é também tratar energia para criar ambientes de conexão, diálogo, cooperação e cuidado onde a confiança se estabeleça e possam favorecer o encontro para o convívio e bem-estar comum.
Embora haja uma crença de que vivemos em um mundo único e homogêneo, em verdade há muitos mundos, onde uns mandam e alguns forçosamente obedecem, mantendo tal crença guiados por mecanismos de poder que não condizem com a lógica de um só mundo justo e igual para todos e todas. As condições atuais de vida e o desiquilíbrio nas oportunidades demonstram as desigualdades, contradições e escancaram os mecanismos de dominação por meio da produção de subjetividades, concentrando maior parcela de poder e riqueza nas mãos de poucos, submetendo o bem comum, controlando e ditando os rumos da economia, da cultura, da estética, dos modos de ser e existir dos demais. Em contextos assim,
“O desafio
é o fio prestes a se partir
pelo excesso de energia sem fluidez
quando por sobre ele o ser bailando
acima do movediço chão da estrutura
no contratempo
no contrassenso da superestrutura
percebe que o ser livre quando a vida é leve
o equilíbrio que vem daí sempre
embora breve”
(Lima, Ray. In De Serviço e Cuidado. Ed. Universo de Aprendizagens Icapuí Cenopoética – Icapuí-CE 2018)
MP - Qual o papel da cenopoesia na preservação da memória e da identidade cultural?
RL - Suely Rolnik, citando Spinoza, em entrevista à tv247, diz: “Cada um se define pelo conjunto de suas potências (Spinoza).” Uma das dimensões fundamentais da cenopoesia são os repertórios humanos. Tudo aquilo que possuímos, desde nossa potência de criação ao que foi observado, aprendido, vivenciado e conservado que pode ser ativado na “mente corpórea” sempre que se fizer necessário. Uma das tarefas importantes para o ritual cenopoético é cuidar deste lastro de memórias, saberes e experiências do pensar/criar/agir disponível em cada corpo ou micro universo-mundo; servir-se de tão precioso e potente manancial que cada cenopoeta ou brincante guarda em si, tornando-o recurso indispensável à dinâmica da prática cenopoética, muitas vezes negado ou invisibilizado pela cultura de consumo e a “cafetinagem do mercado” que não para de produzir subjetividades com vistas à manutenção do sistema de dominação, fato que se agravou com as sociedades globalizadas e o pandêmico capitalismo digital.
MP - Qual é o papel do público na cenopoesia?
RL - Em princípio, o ato cenopoético não se desenvolve dentro de uma lógica de espetáculo do entretenimento, numa relação monológica ou binária de ator/plateia. Coisa que nem parte do teatro contemporâneo conserva. A ideia de público no processo cenopoético praticamente se dissolve com o fato de que a Cenopoesia se faz pela vontade e interação entre cenopoetas, suas linguagens, saberes e modos de existir, numa relação horizontal, cooperativa e não hierárquica. Como um acontecimento único e imprevisível da vida coletiva em ato busca, por meio da ação dialógica, o envolvimento de quem nele se faz presente. E, desta feita, em algum momento seja despertado em suas “paixões alegres” e “potências de criação” e se aperceba em ato, dando-se conta do próprio estar-sendo, passando a viver sua experiência em comunhão e cooperação com outrem. Aí podendo ativar seus repertórios humanos, colocando-os à disposição do diálogo, à manifestação e escuta de todas as vozes. Daí, o consequente encontro, onde e quando acontece a construção de sínteses cenopoéticas que, fruto da ação/reflexão, do vivido, observado e destacado, revelam-se imagens-mundos ou impossíveis realizáveis.
Sínteses cenopoéticas ou imagens-mundos são substancialmente o “percebido e destacado” de atos vivenciados cooperativamente que nos alimentam as sonhações; revelam a potência do vivido, aprendido e conservado, ajudando-nos a dar conta de nossas forças criadoras, nos encorajando a experimentar novos modos de existir que nos levem comunitariamente a instauração de mundos; a avançar sobre o determinado e institucionalizado espaço-tempo histórico para além da farsa do mundo único e o “deus único capital” que gira entre a promessa de salvação da alma e o massacre do corpo, entre os lapsos de democracia e os contínuos inquisitoriais, negacionistas, de obscuridade e escassez, massificação e cristalização da estupidez e da desesperança.
A cenopoesia ao se realizar como linguagem da vida em ato, do conhecer no conviver, nos aponta imagens-mundos ou impossíveis realizáveis como inesgotáveis possibilidades de reexistires criativos com base no tratamento de energia para o convívio, a cooperação, o encontro e o cuidado. Não podemos abrir mão de procurar em nós a força, “o conjunto de potências” que precisamos para não só continuar vivendo, mas criar as condições para sermos aquilo que necessitamos ser, sendo. “Nem superficial nem profundo, mas urgente e necessário.”
Entrevista concedida pelo poeta Ray Lima a Marciano Ponciano em 19 de agosto de 2024.
Saber mais a respeito da Cenopoesia.
A Cenopoesia vem gerando, no Brasil, o interesse de grupos artísticos, movimentos culturais e sociais populares, movimentos ligados a saúde mental, à educação, especialmente a educação popular em saúde, ao teatro, à poesia e também ao campo do meio ambiente e a setores acadêmicos de algumas universidades.
Destacamos abaixo pessoas, grupos e links de acesso a produções relacionadas com a Cenopoesia no Brasil:
VERA DANTAS, dra. em educação pela UFC, médica, cenopoeta, atriz, pesquisadora e cuidadora do Espaço Ekobé -UECE, fundadora do Movimento Escambo Popular Livre de Rua e da ANEPS. Em sua tese “Dialogismo e arte na gestão em saúde: a perspectiva popular nas cirandas da vida em Fortaleza-CE”, incluiu a Cenopoesia como parte de seu estudo. A Cenopoesia vem sendo ao longo do tempo campo de alto interesse de dra. Vera Dantas, principalmente em sua relação com Educação Popular, Cuidado e Saúde. (ver link abaixo)
JOSY DANTAS, Profa. do IFRN-Apodi, doutoranda em linguística aplicada, tendo como tema a Cenopoesia pela UECE; mestra em educação popular tematizando a Cenopoesia pela UFPB; educadora, cenopoeta, bailarina e pesquisadora, vem se dedicando ao estudo da Cenopoesia no Brasil há algum tempo com imensa contribuição à práxis cenopoética.
VITOR PORDEUS, médico carioca, artecientista, ator, dr. em psiquiatra transcultural pela Universidade de McGil, fundador do Hotel da Loucura-RJ, desde 2010 tem a Cenopoesia como uma de suas linguagens estratégicas em seus estudos e práticas da psiquiatria transcultural no Brasil, Canadá, México e Europa. (ver links)
JAIR SOARES – Filósofo e mestre em linguística aplicada pela UECE, músico, educador e luthier tem a Cenopoesia como linguagem fundamental em seus estudos e práticas de vida. Seu contato inicial com linguagem cenopoética se deu a partir da experiência do projeto Cirandas da Vida, Movimento Escambo Popular Livre de Rua e o do Grupo Pintou Melodia na Poesia. (ver link)
JOSÉ SOARES – Músico, educador, poeta e brincante, mestre em educação pela UFC, recentemente se especializou em educação popular e saúde pela Fiocruz-CE refletindo sobre o tema da Cenopoesia. (ver link)
KARLA DEMOLY – Doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008) e Doutora em Antropologia da Escritura na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris EHESS (2006-2007). Profa. e pesquisadora da UFERSA, vem considerando a Cenopoesia como estratégia do Programa de Extensão Oficinando em Rede – UFERSA, Mossoró-RN, há vários anos.
CLEILTON PAZ – Dr. em medicina pela UFC, enfermeiro, mestre em educação pela UFC, ator, cenopoeta, compositor e poeta, um brincante da Cenopoesia desde adolescente por meio do Grupo Flor do Sol da Redonda-Icapuí-CE e do Movimento Escambo Popular Livre de Rua. Vem contribuindo com importantes reflexões sobre a práxis cenopoética. Em sua dissertação de mestrado tem a experiência cenopoética como uma de suas referências. (ver link)
JUNIO SANTOS – Mestre do teatro brasileiro, ator, dramaturgo, poeta, músico e palhaço, fundador do Movimento Escambo Popular Livre de Rua, entrou em contato com a Cenopoesia nos anos 1989/90, nos primórdios do Movimento Escambo Popular Livre de Rua. Muito tem contribuído junto a sua companheira Josy Dantas com a ampliação do olhar e o aprofundamento das práticas cenopoéticas no Brasil, especialmente por meio de seu palhaço Cus-cuz.
NICOLE CRUZ, mestra em arte pela UFRGS, psicóloga e educadora popular, embora tenha tido seus primeiros contatos com a Cenopoesia nos encontros da ANEPS, foi no Hotel da Loucura-RJ, durante o Ocupa Nise, que lhe tocou profundamente, o que sua escolha do tema de sua dissertação de mestrado. (ver link)
FÁBIO ARISTÓN, diplomata brasileiro, mestre pela Universidade de McGil-Montreal- Canadá, com o tema “LA DÉMOCRATIE DANS LA RUE - LA CONSTRUCTION DE LA DÉMOCRATIE AU QUOTIDIEN PAR DES ARTISTES PRATIQUANT LA SCÉNOPOÉSIE AU BRÉSIL”, teve seus primeiros contatos com a Cenopoesia em Brasília, durante o I FENAGEP. Porém, durante o I Encontro Nacional de Estudos e práticas cenopoéticas, em Icapuí-CE-2018, é que decidiu tratá-la como tema de sua pesquisa.
BÁRBARA CABRAL – Dra. em psicologia pela UFFES, é uma militante do movimento antimanicomial no Brasil. Seu contato com a Cenopoesia se deu no Hotel da Loucura o que fortaleceu sua luta como docente da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), mobilizando a região do Submédio São Francisco por meio do Núcleo de Mobilização Antimanicomial (Numans).
GRUPO BURACO D’ORÁCULO-SP, tendo à frente o ator, dramaturgo e produtor cultural Edson Paulo e a atriz, facilitadora de yoga e cenopoeta Lucélia Coelho conheceram a Cenopoesia a partir da Mostra Lino Rojas-SP. Porém, só a partir da montagem pelo grupo de “Pelas ordens do rei que pede socorrro”, de Ray Lima, mergulhou nos estudos e práticas cenopoéticas. Recentemente, criaram o Centro de Estudos Teatrais e Cenopoéticos - Casa d’Oráculo. Durante a pandemia, o grupo realizou lives denominadas “Encontros Cenopoéticos” com diversos convidados de todo país. Lincado com a temática da Cenopoesia realizaram o III Encontro Nacional da Cenopoesia e a XII Mostra de Teatro de São Miguel Paulista, formando um painel do teatro de rua em sua relação com a Cenopoesia praticado no país, evento que reuniu artistas do nordeste, sul e capital paulista. (ver link canal da cenopoesia)
GRUPO FLOR DO SOL – Redonda-Icapuí-CE. O mais antigo grupo das artes cênicas icapuienses em atividade teve e continua tendo um papel importante para a Cenopoesia, principalmente dentro do Movimento Escambo Popular Livre de Rua e as lutas ambientais comunitárias de Redonda. É neste Grupo que afloraram atores, poetas, atrizes e cenopoetas como Cleilton Paz, Navegantes Silva, Carla Paz, Clarice Paz e Abizage, Sileuda Silva, Talupa e João José Silva. O Grupo Flor do Sol foi um dos organizadores do I Encontro Nacional da Cenopoesia, em Redonda-Icapuí-CE, 2018.
PROJETO RECRIANÇA, Janduís-RN. No início de 1989, durante a experiência cultural e pedagógica do Projeto Recriança, na unidade preventiva da FEBEM, popularmente conhecida como a Usina, é que se deu experimentos, ações e reflexões muito significativas para a história e o crescimento Cenopoesia. As intervenções de rua, os cortejos pela cidade, as pesquisas de campo e descobertas dos teatros naturais de pedra; as caminhadas pelos leitos de rios secos, intervenções em cima de árvores, escolas, cemitérios, campanhas de vacinação, reuniões de conselhos populares de rua e conselho comunitário; a ocupação de uma fábrica desativada no bairro da Floresta, o Festival de Cultura da Floresta, o projeto Caminho do Mato, o encontro Meninos Palhaços Poetas, o nascimento do Movimento Escambo etc. Enfim, chegou o tempo que a presença cenopoética se fazia em toda parte, interferindo, alegrando e refletindo sobre os rumos da vida cotidiana da cidade. Acontecimento histórico, estético, político, pedagógico e cultural, cenopoético que influenciou muita gente, transformou culturalmente a vida pública da cidade e, certamente, contribuiu para o fortalecimento, a difusão e o aprofundamento da práxis cenopoética, conservada como um valor e mantendo sua pujança de linguagem contemporânea e de futuro que veio para ficar.
MOVIMENTO ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA. Movimento cultural iniciado em Janduís-RN, em 1991, que se espalhou pelo Nordeste e o Brasil, muito importante para o enriquecimento e fortalecimento da Cenopoesia que, linguagem réptil, conjugou com o sertão e se espraiou pelo mundo. Guardadas as proporções, considero o Escambo um dos movimentos culturais mais importantes do Nordeste após o MCP, Movimento de Cultura Popular de Recife, nos anos 60.
VIVA A PALAVRA! Programa de Extensão da UECE, coordenado pela profa. Dra. Claudiana Alencar, abraçou a Cenopoesia como linguagem potencializadora de suas ações poéticas na periferia de Fortaleza, principalmente na Serrinha. Realizou em parceria com as Cirandas da Vida, Vila de Poetas, Vera Dantas, Ray Lima, Junio Santos, Ozielton, Gílian Brito e Josy Dantas várias vivências cenopoéticas, envolvendo moradores da Serrinha e estudantes da Universidade Estadual do Ceará. Em 2024 ocorreram encontros cenopoéticos virtuais e presenciais sob coordenação do Viva a Palavra e Josy Dantas de suma importância para a práxis cenopoética, abrindo e iluminando caminhos para outras humanidades possíveis.
UNIVERSO DE APRENDIZAGENS ICAPUÍ CENOPOÉTICA. Uma estratégia de aprendizagens e produção de sentido com base em vivências e encontros que se efetivam por meio da articulação e conexão de forças criativas em movimento no Brasil que se dispõem a cooperar, pensar/criar e agir juntos. Seu primeiro estágio se deu na Vila de Poetas Mundo, em Maranguape-CE. Desde 2018, segue em Icapuí-CE. Duas de suas iniciativas mais importantes até aqui foram: a criação das Edições Icapuí Cenopoética, com a publicação de livros artesanais em papel reciclado; e a realização dos Encontros Nacionais da Cenopoesia I e II, em Icapuí-CE(2018) e Mataraca-PB(2019), respectivamente.
LINKS
Blog: www.cenopesiadobrasil.blogspot.com
Canal Cenopopoesia do ser à linguagem às linguagens do ser: https://www.youtube.com/channel/UCkXt5Lcg1W_fKUwaiBpve-Q/videos?view=0
VÍDEOS
https://www.youtube.com/watch?v=iIrvDPVgzDw I ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS E PRÁTICAS CENOPOÉTICAS NO BRASIL – Universo de Aprendizagens Icapuí Cenopoética – Praia de Redonda – Icapuí-CE – A cenopoesia de Ray Lima.
https://www.youtube.com/watch?v=YKTkIcu2HZw RAY LIMA CASA POETICAST EP 06
https://www.youtube.com/watch?v=NDF2SA5y4wQ A CENOPOESIA Á DISTÂNCIA TOCA NO TERREIRO DE SUA SALA - Grupo Pintou Melodia na Poesia
TEXTOS/ ESTUDOS/ PESQUISAS/ REPORTAGENS
http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/3282 DANTAS, Vera Lúcia de Azevedo. Dialogismo e arte na gestão em saúde: a perspectiva popular nas cirandas da vida em Fortaleza-CE. 2009. 323f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, Fortaleza-CE, 2009.
http://tede.biblioteca.ufpb.br/bitstream/tede/8581/2/arquivototal.pdf - Cenopoesia, a arte em todo o ser: das especificidades artísticas às inserções com a educação popular. Maria Josevsânia Dantas
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/185959/001082421.pdf?sequence=1&isAllowed=y Cartas para desver o conceito de resto: cenopoesia no Hotel da Loucura
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/5528/1/2013_dis_cpbezerra.pdf - BEZERRA, C. P. Memorial de Redonda : reinvenção e luta na produção da saúde dos povos do mar. 2013. 324 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina, Fortaleza, 2013.
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=110491
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sonhacao_vida_feita_crenca_luta.pdf - De sonhação a vida é feita, com crença e luta o ser se faz
https://editora.redeunida.org.br/wp-content/uploads/2024/03/Livro-Educacao-Popular-em-Saude.pdf
file:///C:/Users/USUARIO/Downloads/TCC%20Francisco%20Jos%C3%A9%20da%20Silva%20Soares%20Vers%C3%A3o%20ARCA.pdf
Artigo OS MOVIMENTOS QUE DÃO SENTIDO À EXISTÊNCIA À LUZ DOS ENCONTROS: file:///C:/Users/USUARIO/Downloads/38804-Texto%20do%20Artigo-153780-1-10-20200902.pdf
Nelson M. Vaz “O LINGUAGEAR É O MODO DE VIDA QUE NOS TORNOU HUMANO” - http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252008000500011