A grande atração do seu hotel – Hotel Central – por estar localizado na parte mais central da cidade, a Rua Grande - era o “Bar Amansa Sogra.” As paredes do recinto, eram decoradas com alegorias que Chico de Janes espalhava por vários ambientes contendo cartazes e dizeres sobre as sogras.
Num dos recantos do bar havia um velho gramofone que ele tinha comprado, como ele mesmo dizia, no tempo do bumba, chamado de “A Voz das Sogras” cujo som os genros ouviam.
A pele estendida de uma enorme cobra jiboia esticada numa parede era denominada de “Couro de Sogra”. A velha carcaça de uma cabeça de onça com a bocarra escancarada foi apelidada de “Boca de Sogra.”
Noutro espaço do Bar havia mais dois anúncios referentes às “qualidades” das sogras. Em um dos letreiros estava a serra de um espadarte com os seguintes dizeres estampados em letras graúdas: “Língua de Sogra”; e noutro: “Calmante de Sogra”. Este último consistia num chicote de couro cru com três pernas e mais uma porção de catrevagens que ajudava, segundo ele, a acalmar as sogras impertinentes.
Quanto ao cardápio, para bem atender ao paladar dos hóspedes mais exigentes, mantinha no quintal do hotel, sempre preso, um enorme urubu. Dizia ele que era para misturar com galinha quando o consumo do galináceo estivesse alto.
Numa reportagem para um jornal da capital, Chico de Janes contou que certa vez, no seu hotel, um viajante de São Paulo que era um verdadeiro glutão se hospedou. A mulher do hóspede reclamou que a sopa servida era pouca. Para atender à mulher foi então Chico de Janes ao muro onde proliferava uma mata de melão caetano. Apanhou um punhado de melão caetano, esmagou com cuidado e ofereceu ao hóspede dizendo ser jerimum da terra. O gordo ingeriu o prato todo, mas a noite não deixou Chico de Janes dar um cochilo sequer. Uma dor de barriga violenta surpreendeu o viajante que andava no rastro da morte. Mandou chamar o delegado para prender o dono da pensão que o envenenara. Mas não teve muita sorte porque o Chico de Janes, à época, era o próprio delegado e, Chico de Janes, como todo o Aracati sabe, como delegado nunca prendeu ninguém.