Em Aracati, essa prática perdurou até a década de 1830. Em 1837, aprovado o Código de Posturas da Câmara Municipal de Aracati, os sepultamentos foram proibidos dentro das igrejas. Segundo o Código (N°. 76), "Logo que hajão cemitérios, nenhum cadáver será enterrado dentro das igrejas, sacristias, ou quaesquer outros lugares no recinto das mesmas, sob pena de seus administradores pagarem vinte mil réis de multa ou vinte dias de prisão e os sacristães sofrerão dez dias de prisão por cada infração ".
A condenação dessa prática encerra um conjunto de medidas higienistas criado pela ciência médica do século XIX. A proibição das inumações em ambientes fechados (naves, criptas e galerias) logo se transformou em lei, obrigando o sepultamento dos mortos em local a céu aberto.
Diante do exposto, o leitor deve estar se perguntando: Se não havia cemitério, onde a população pobre enterrava os seus mortos?
O cemitério público de Aracati, denominado São Pedro, foi benzido em 31 de janeiro de 1860. Antes disso, pouco se sabe sobre o local onde eram enterrados os mortos de classe menos favorecida. Sabe-se que, por ocasião da construção da Fábrica Santa Tereza, no século XIX, encontraram ossadas de cadáveres humanos no momento das escavações. Em razão desse fato, levantou-se a hipótese de que, ali onde hoje se encontra a antiga Fábrica Santa Tereza, teria sido o local onde a população pobre enterrava os seus mortos.
Com a construção do cemitério São Pedro, a prática do sepultamento foi socializada, pois nas igrejas só era permitido o enterro de membros da sociedade católica. Talvez esse tenha sido o motivo pelo qual o médico inglês Cristóvão Leycester Malet, por não professar a religião católica e, porque na cidade não havia cemitério, por ocasião de sua morte, o mesmo foi enterrado à margem da calçada do lado nascente da igreja Matriz (parte externa). O Dr. Malet morreu em 1856, acometido pela febre amarela.