A água do subsolo não é potável, em virtude da existência de capa-rosa, que são sulfatos de sabor desagradável e que conferem à superfície da água um colorido semelhante ao do óleo boiando na superfície da água.
Hoje, vendem água mineral em todos os mercadinhos e postos de gasolina. Mas quando não havia essa facilidade, o aracatiense, desde remotas décadas, comprava água para beber nas carroças-pipa que faziam o abastecimento da cidade. Essas carroças, por sua vez, se abasteciam nos poços do lugar Cacimba do Povo, distante vários quilômetros da cidade, para os lados da saída de quem vai ao vizinho município de Itaiçaba. A água daqueles poços é bastante saudável e leve.
Havia, também, as águas do lugar chamado Córrego, que eram ótimas, finas, mas sua fonte tinha pouca vazão. Tratava-se de água que as dunas, existentes ao longo da praia, acumulavam no período chuvoso e que ficava escoando por todo o resto do ano. Mas as águas mais consumidas pela classe mais endinheirada eram as do lugar chamado Morrinhos, que ficava próximo a Itaiçaba, águas finíssimas e, portanto, um pouco mais caras.
Muitas das casas possuíam cata-vento para encher suas caixas d'água com a água do subsolo, a água "dura". Outras tinham poços com bomba de repuxo (bomba aspirante), que os serviçais bombeavam manualmente, para encher a caixa d'água.
Como a água do subsolo era salobra, "dura", somente servia para os sanitários, banhos (deixava os cabelos secos e ásperos), lavanderia (embora o sabão talhasse), lavagem de pratos e panelas e irrigação de plantas (embora não fosse adequada, não deixava a planta morrer de sede no verão).
Essas eram as águas que eram utilizadas pelo povo do meu Aracati.