Curiosamente, esta produção de tão refinado trato não goza de nenhum privilégio que assegure sua permanência ou que proteja suas mestras artesãs. Do ponto de vista econômico, não existe nenhum incentivo focado na modalidade, nenhum programa de apoio, nada que a promova com a merecida distinção do ponto de vista patrimonial.
Em contraste com a delicadeza do ofício, a vida das labirinteiras está sempre por um fio. Tal a fragilidade deste ofício, face ao tempo, face aos meios e condições de trabalho, face ao desconhecimento do trabalho por parte do vendedor e do consumidor, face à aceleração de nossa época que não admite tanto tempo de investimento em algo de apreciação tão “rasteira”, diferentemente de uma peça de grife afamada. O desânimo de Gerardo Severiano de Freitas, o Tiralíngua, e de Maria Pereira da Costa, ambos com estoques fabulosos em Aracati, mas sem nenhuma perspectiva de valorização destas mercadorias, indica a gravidade da situação que põe em risco a sobrevivência deste importante patrimônio cultural cearense e universal.
O cotidiano das labirinteiras é marcado por dificuldades que vão do processo de trabalho em si, como o comprometimento da visão (muitas ficam cegas ou com sérias deficiências visuais) e os problemas de coluna (por trabalharem curvadas), à própria sobrevivência com o valor irrisório pago por seus trabalhos.
FAUNA
Geralmente em panos de prato, mas também em toalhas de mesa, lençóis e vestuário, aparecem exemplos de fauna, nem sempre local.
FLORA
Padrões florais, em diferentes níveis de abstração, associados ou não a exuberantes arabescos, é o tema mais recorrente da Renda Labirinto. Azulejos e gradís de ferro podem ter servido de inspiração e reforço, desde suas origens europeias.
COMPOSIÇÃO
Simetria por repetição
A repetição em série aparece na maioria das barras e bordas da Renda Labirinto.
Simetria por reflexão
Algumas peças apresentam simetria por reflexão em temas nos ângulos.
GUIMARÃES, Dodora. Criatividade, habilidade e matemática. In: GALVÃO, Roberto. Aracati: Labirintos de sonho e luz. Fortaleza: Tipogresso, 2006. p. 92-100.