Escreveu Memórias históricas, segundo afirma Gonçalves Dias, seu grande entusiasta, e que o tinha em conta do Garibaldi Brasileiro.
Faleceu no Pará a 20 de julho de 1882, sendo seu cadáver levado para o engenho Madre de Deus e sepultado na respectiva capela junto ao túmulo da esposa.
João Brígido, que o conheceu pessoalmente, descreve-o como “homem de estatura que dava na craveira cearense, branco com laivos de caboclo, a tez de jambo tostada do sol, a cabeça chata, pescoço grosso e curto, cabelos corridos e negros, os pés pequenos, o peito largo, a musculatura e pose de um gladiador. Falava com timbre agudo e sonoro, inflexões rápidas, mímica expressiva, os pequenos olhos, cintilando. Movimentava-se, ágil como um gamo. Falava com correção, o vernáculo do Ceará, abundando em imagens e cortesias”.
A Revista do Instituto do Pará, vol. I n. 1º, insere em artigo firmado por Bento Aranha a Ata da reunião em que o povo de Tefé aclamou presidente legal da Província ao Chefe dos Cabanos, Eduardo Angelin (19 de maio de 1836) de acordo com seus partidários de Manaus, Óbidos (Pauxis), Iquipiranga e Santarém (Tapajós).
Tratando desse cearense escreveu um jornal de Belém: “Faleceu ontem nesta cidade Eduardo Francisco Nogueira Angelim, a figura mais notável da revolução de 1835 denominada a cabanagem.
Moço ainda, viera do Ceará, sua província natal, e tinha 23 anos apenas, quando os azares da revolta colocaram-no no posto de Comandante do Corpo de polícia.
Governava a anarquia, sob a sanguinária pressão de Francisco Pedro Vinagre, apossado da administração a 31 de fevereiro de 1835 após o fuzilamento do presidente, também rebelde, Felix Antônio Clemente Malcher.
Com a prisão desse homem terrível a bordo da fragata Conquista, e o abandono da cidade pelo presidente Marechal Manoel Jorge Rodrigues a 21 de agosto Angelim empunhou o bastão da governança.
O que foi o seu governo não são os contemporâneos que o dirão—é fácil de compreender a energia de um rapaz pouco instruído, cioso de sua autoridade, lutando contra o desenfreamento das paixões dos seus próprios a quem tivera de conter muitas vezes, fazendo-os passar pelas armas.
O que, porém, ninguém contestará é que Eduardo Angelim, dócil a paternal intercessão do prelado D. Romualdo de Souza Coelho, protegeu a um grande número de infelizes condenados ao roubo à morte e à desonra.
Um fato releva não esquecer: Eduardo, ao deixar a cidade a 13 de maio de 1836, quando entrava o General Andréa, entregou a aquele prelado todo o dinheiro que achou nos cofres públicos.
Foi um funcionário honradíssimo. Em um livro inédito que deixou denuncia um outro fato, que não o honrará menos—recusou recursos militares do governo Americano para proclamar a independência do Amazonas.
Preso posteriormente, esteve dez anos na Ilha de Fernando, onde a instâncias de Thephilo Ottoni foi buscá-lo a anistia Imperial.
Há muitos anos quebrado de forças, ralado de desgostos, vivia em seu engenho Madre de Deus onde, foi sua última vontade, ordenou que fosse o seu jazigo. Foi o 13º administrador da província e faleceu com 68 anos”.
Sobre Eduardo Angelim leiam-se os Motins Políticos do Dr. Rayol.
Fonte: DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO CEARENSE (VOLUME PRIMEIRO) ABEL- JOÃO . Dr. Guilherme Studart (Barão de Studart) p. 229-231.