TARDE
Que saudade de ti... De quando em quando
Tomba uma folha... E as aves, segredando,
Voam em ziguezague, rente ao chão.
Aves tontas do sol de primavera,
Buscando nos ninhos onde a paz sincera
Com outras aves, de certo, encontrarão.
Na agonia da tarde, tristemente...
Plange, lá longe, o sino da cidade.
Sinos... Aves errantes... Sol poente...
Que saudade de ti, ah! Que saudade!
(Socorro Carvalho)
DESTINO
Caminhando sem destino
Em busca de um ideal...
Da alegria, da sorte, a tristeza me atrai.
Sinto o vento soprar em meu rosto,
Encrespar meus cabelos,
Assanhar as ondas do mar.
Sou como um barco que vive a vagar
Sem leme, sem velas, na imensidão do mar.
Sou o náufrago.
Sou o destino,
O fadário que não consegui realizar
Sou o sonho, o pressuposto na escuridão.
Aracati, maio de 2002.
(Socorro Carvalho)
CHAMAS DA VIDA
Dá-me a tua mão, Amiga, e vamos indo
Alegremente pela estrada afora
É tarde e o crepúsculo é tão lindo
Como foi o dilúculo da aurora.
Vamos subindo devagar, agora;
Dá-me o teu braço, assim, vamos subindo...
Olhe: é o mesmo sol de amor de outrora
Que ainda no poente, ao longe, está fugindo.
Virá depois o luar e, em seguida
Clarões de estrelas que inflama o céu...
São clarões da lua, do sol e das estrelas, querida.
São várias formas de uma mesma chama
Que está dentro de nós, chama da vida,
Que rebenta no peito de quem ama.
(Socorro Carvalho)