POETOSSÍNTESE

Sunday, 25 July 2021 13:00

APOENA REIS

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Seleta de poemas de Apoena Reis.

COMO PEDRO 

  

"Quantas vezes jurei 

Amar-Te até o fim, 

quantas vezes não o fiz, 

só amei, então, a mim.  

  

Quantas vezes jurei 

da minha vontade esquecer, 

e a Tua cumprir fielmente. 

Quantas vezes a menor renúncia 

não fui capaz de viver 

e o centro da minha vida era eu somente.  
Quantas vezes caí, 

quantas vezes levantei, 

quantas vezes cansei, 

mas a Tua voz sempre a me impulsionar: 

Coragem, avante!  
Hoje eu sei, 

o meu caminho não sigo direto, 

mas é retorno constante. 
De uma coisa eu sei, 

vai ser sempre assim, 

mas conheço meu chamado, 

Contigo e por Ti eu vou até o fim." 

  

(Apoena Reis)


 

 

MAIS UMA VEZ 

  

Eu estava caída aos pés de Jesus, 

quando Suas mãos me tocaram 

e tentaram tirar-me dali, 

no desespero comecei a gritar 

  

e a suplicar 

que Ele não me tirasse 

de perto Dele, 

que Ele me deixasse ali, 

mesmo sem merecer, 

mas Ele insistia em retirar-me, 

e eu não soltava Seus pés, 

tentando entender 

porque devia me separar Dele, 

quando por fim, cedi, 

confiei Nele e me abandonei em Sua vontade, 

não importava mais, 

queria a vontade Dele, 

então Ele me tirou dos Seus pés 

e me recostou junto ao seu peito, 

fazendo-me ouvir o pulsar 

do amor e da misericórdia. 

  

(Apoena Reis)


 

 

ANDO COM SAUDADES 

  

Ando com saudade de sair da escola 

e ter alguém pra me buscar, 

de comer pipoca depois da missa, 

de sentir cosquinhas até faltar o ar. 

  

  

Saudade de comer 

em prato fundo 

bolinhas de arroz, feijão, 

macarrão, carne, tudo junto! 

  

Saudade de tomar banho na chuva, 

de correr atrás de pintinhos, de fazer bolinha de sabão, 

de me preocupar só em acertar o passo da dança 

e lembrar na prova que montanha é uma grande elevação. 

  

Saudade das minhas maldades 

ser só jogar coisinhas no quintal da vizinha, 

de dormir no colo da minha mãe, 

de ter franjinha. 

  

Saudade de álbuns de figurinha, 

das balinhas de 1 centavo, dos meus lacinhos, 

de correr na rua, dos meus lápis de cor, 

de acreditar que São Jorge mora na lua, de brincar com ioiô. 

  

Saudade de andar na cacunda no meu pai, 

de quando o carnaval 

era só desfile de bonecos, 

maizena e nada mais. 

  

Saudade das minhas bilongas, de usar terêrê e vestido de estampas, 

de colar adesivo na agenda, de me pendurar em varal, 

de acreditar em lendas, 

de ser rica com 1 real. 

  

Saudade de quando brinco 

era coisa de menina, 

de quando eu me divertia 

fazendo faxina. 

  

Saudade de rebobinar a fita, 

de fazer cabana com lençol e cadeira, 

de imitar chiquititas, 

de provar vestidos na costureira. 

  

Saudade dos natais em família, 

de quando maquiagem era só pra gente grande, 

das unhas pintadas de incolor, das bonecas maltrapilhas, 

do meu cobertor, de comer com colher em restaurante. 

  

Ando com saudades dos céus de outrora, 

quando a educação era um valor, 

quando Deus era a única verdade,  

de quando a rebeldia dos jovens era só ouvir rock, querer sair de casa e ter vaidade. 

  

A vida agora é outra, tudo está invertido, 

sem sentido, relativo, sem esperança... 

Saudade dos anos que deram vida à Apoena criança. 

Saudade dos anos 90, a última infância. 

  

(Apoena Reis)


 

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Apoena Reis

Apoena Reis- Meu nome é Apoena Reis, tenho 30 anos. Comecei a escrever desde muito pequena, em cima de uma goiabeira, levava comigo um caderninho que criava histórias e desde então fez parte de mim o hábito de externar meus sentimentos e pensamentos em contos e poesias. Ainda faço questão de escrever em papel, mas também tenho um blog onde deixo um pouco de mim pra quem quiser me encontrar. Sou assistente social por formação, fotógrafa por paixão, consagrada na comunidade católica shalom por vocação. Também sou apaixonada por teatro, canto, desenho, leitura. Sou artista e não me reconheço sem a arte.

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