O VENTO ARACATI
Um poeta nascido em Aracati e residente atualmente na progressista e bela cidade de Sobral escreveu um livro de poesias a que deu o gostoso título de “O VENTO ARACATI”. Esse poeta, que foi por longos anos funcionário público na “Princesa do Norte” e atendendo pelo nome de Gurgel do Amaral, pelo fato de haver nascido na “cidade dos apelidos”, onde também nasceram os poetas Paula Nei e Beni Carvalho, extravasou o seu amor cantando em estrofes maravilhosas a sua terra e a sua gente. Para quem não conhece a aragem boa e agradabilíssima cujo nome serviu de título à obra do nosso poeta fica sem saber o que seja realmente “o vento aracati”.
Como o nome indica se trata de um vento bom e gostoso que sopra todos os dias antes do cair da tarde na principesca cidade dos velhos sobrados de azulejos cheios de lendas e de gostosas histórias de nosso glorioso passado. Foi essa gostosa aragem que subindo sertão acima se torna vento forte e serve de refrigério ao ardente clima de nosso hinterland jaguaribano que deu origem ao nome de nossa cidade batizando-a com o nome de Aracati. Segundo Tomaz Pompeu o vento aracati é quase semelhante ao siroco que sopra nas regiões desérticas da África que atravessando a vasta imensidão do Atlântico nele se refresca e nos chega aqui com esse sabor de vento agradável e bonançoso. Segundo os etimologistas indígenas, Aracati vem da corruptela de ara catu do que discordam outros que se deram ao imenso trabalho de estudar as línguas indígenas do Brasil.
Seja como for ou tenha a origem que tiver- para nós nascidos nesta simpática e soberba cidade que se debruça como a se espelhar nas águas ora tranquilas ora revoltas do rio Jaguaribe- o vento Aracati é essa aragem boa e gostosa que sopra todos os dias por volta das 15 às 17 horas em nossa cidade e se joga em verdadeira avalanche em busca de outras paragens atingindo as cidades de Itaiçaba, Jaguaruana, Russas, Morada Nova, Quixeré, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Jaguaribe, Icó e até mesmo Iguatu modificando-lhes o clima nas diversas horas em que por elas ele passa. Tivemos já a oportunidade de nos encontrarmos no Icó quando já noite alta sentimos na avenida um revolver de folhas nas árvores e como por encanto de repente tudo se transformou: o clima quente desapareceu para dar lugar a um clima gostoso e bom enquanto o “aracati” passava enchendo a cidade de vento bom e gostoso. Assim é o “vento aracati”: pode ser poesia e encantamento para os poetas, porém é, sobretudo aragem boa e gostosa que nos enche de deleite e indizível bem-estar.
[Antônio Figueiredo Monteiro]