O pedido do sertanejo começou a se materializar a partir do início do mês de março quando as primeiras fortes chuvas começaram a cair. Cair sem cessar.
O inverno de 1974, marco do cinquentenário da maior cheia registrada em Aracati, a de 1924, iniciava envolto em superstições e previsões dos populares que sempre se manifestam nesse período. Temiam a provável repetição desse fenômeno, ou melhor dizendo, dessa tragédia, que se consumado traria tristeza para toda a população do Aracati.
A partir do dia 05 de março, o desassossego começou para as famílias que moravam nos lugares mais próximos ao rio, obrigadas a se retirarem de suas casas, expulsas pelas águas do rio Jaguaribe, que lentamente alcançava a região ribeirinha e periférica da cidade.
O noticiário diário transmitido pela rádio Vale do Jaguaribe da cidade de Limoeiro do Norte era ansiosamente ouvido por todo aracatiense naquele período angustiante. Era por intermédio dessa emissora que as notícias das chuvas, das águas e dos açudes nos chegavam constantemente.
A sangria dos açudes do Orós e do Banabuiú a cada dia aumentava a sua lâmina, despejando um volume portentoso d’água no leito do Jaguaribe, que corria célere, invadindo as cidades do vale antes de chegar ao mar.
Na festa de São José, 19 de março, dia do Padroeiro do Ceará, muitas famílias aracatienses comemoravam o dia do Santo; outras desalojadas de suas moradias que foram levadas pelas águas, não tinham o que festejar. As águas que não paravam de aumentar os níveis do rio geravam a cada dia mais desabrigados, mais flagelados, tanto na cidade como igualmente em alguns distritos atingidos pelas águas.
Em 27 de março, a rádio Vale do Jaguaribe noticiava com imensa tristeza que as águas do rio Jaguaribe já ocupavam as principais ruas da cidade de Limoeiro do Norte, ficando a cidade invadida pela enchente que a atingia quase que totalmente.
Nossa vizinha Itaiçaba também tinha sido ocupada pelas águas e toda sua população estava ao desabrigo vivendo em barracas improvisadas nos lugares mais altos, fugindo da fúria das águas para escaparem com suas famílias.
As primeiras providências e medidas de assistência aos flagelados vítimas das enchentes, vieram através do GESCAP – Grupo Especial de Socorros as Calamidades Públicas – órgão do Governo Estadual, tendo a frente a 1ª dama do Estado, Dª Marieta Cals, que lançou uma campanha pelo rádio e televisão para recolher entre a população donativos para as vítimas das enchentes na região Jaguaribana.
A esse tempo, diferentemente das cidades de Iguatu, Limoeiro do Norte, Russas, Jaguaruana e Itaiçaba, Aracati ainda mantinha uma certa normalidade, apesar de haver muitas famílias desabrigadas e merecedoras de atenção por parte do poder público, nossa população não foi aquinhoada com a distribuição de víveres nem de agasalhos por parte do Governo Estadual. Nessa primeira hora, a assistência coube notadamente no nosso caso, a Prefeitura Municipal, na pessoa do prefeito Abelardo Filho.
No início do mês de abril, a fase inaugural da grande Cheia começou definitivamente. As águas desciam pelo Vale do Jaguaribe, transbordando o leito do rio Jaguaribe, inundando todas as cidades na avalanche das águas barrentas, arrastando na sua passagem todo balseiro que encontrava e chegava finalmente ao Aracati com força total ocupando primeiramente a Praça Marechal Deodoro e a Rua Santos Dumont, como sempre acontecia em todas as enchentes já ocorridas (1917,1924, 1950, 1960, etc).
Somente a partir deste fato foi que se caracterizou realmente para as autoridades do Estado,a enchente em nossa cidade, sendo, na ocasião Aracati objetivo de recebimentos dos primeiros mantimentos vindos do Governo Estadual para socorrer os flagelados da cheia.
Diante da grave situação que se apresentava, o Prefeito Abelardo Filho criou uma “Comissão Especial” para cuidar e tratar exclusivamente da Enchente. Na época, o 1º Sargento Miguel Pinheiro Martins, foi um dos membros mais destacados dessa comissão, que à frente do tiro de guerra 10/014 juntamente com seus comandados, fez um excelente trabalho de ajuda, na acomodação e na distribuição de gêneros alimentícios para os flagelados.
A preocupação com a saúde dos flagelados foi uma constante. Uma multidão de mais de 10.000 pessoas acampados num ambiente sem as mínimas condições de higiene era preocupante para as autoridades da área de saúde. Foram aplicadas mais de 15.000 vacinas durante o período das enchentes.
A Fundação Sesp, principal órgão de defesa da saúde pública em nosso município, na época sob o comando médico do Dr. Gambetá Bruno Neto, prestou um serviço extraordinário de prevenção a população, contando com a colaboração dos estudantes do Projeto Rondon que aqui prestaram uma valiosa contribuição.
Ainda nos primeiros 15 dias do mês de abril, mesmo com as águas subindo, muitas famílias permaneciam em suas residências, resistindo em não abandonar suas casas. Na verdade, muitas não saíam por não ter como fazer sua mudança para um local mais seguro, outros temerosos de deixar suas casas e serem roubados seus bens e pertences. Para os menos afortunados, a Prefeitura providenciou transporte, alugando caminhões, caçambas e tratores para o deslocamento da população tanto da cidade como dos distritos afetados pelas enchentes, para lugares onde estivessem salvos das águas.
O Governador César Cals, que ainda não tinha visitado o Aracati nesse período das enchentes, no dia 19 de abril, uma sexta-feira, aqui chegou vindo da cidade de Russas de helicóptero, sobrevoando toda a cidade e alguns distritos do nosso município.
O helicóptero do Governador desceu na Praça PE. Champagnat em frente ao colégio Marista. Em seguida, o governador se dirigiu ao Instituto São José, acompanhado de uma pequena multidão que o aguardava para participar de uma reunião com as autoridades municipais de Aracati e de cidades vizinhas.
O jornalista Carlos Kramer, que esteve presente nessa reunião, assim descreveu os acontecimentos finais daquele dia de vital importância para nossa cidade e sua população, na contingência em que se encontrava perante a incerteza de um futuro dubitável.
“Depois da reunião o Governador foi até ao portão principal do Colégio São José, onde pronunciou um eloquente discurso lamentando as condições em que se encontrava nossa cidade, e prometendo que nada faltaria para nossa população desabrigada muitos já morando em cabanas de lona e embaixo dos cajueiros. O Governador verificou então o que havia sido feito em nossa cidade até aquela data e adotou providencias para o que ainda iria ser providenciado pelo ”Governo da Confiança,” se referindo ao slogan de sua administração”.(KRAMER, 1976.)
Nessa reunião, a causa de nossas constantes enchentes foi debatida entre os presentes. Como sempre, os entendidos alegavam que as principais causas das enchentes em nossa cidade se deviam:
- A estagnação das águas do rio Jaguaribe na Barreira Preta, que impedia como um paredão, que as águas corressem livres para o mar;
- O assoreamento de nossa Barra com as dunas estreitando o canal central de navegação impedindo a livre passagem das águas.
Então vinham sempre as mesmas promessas de “quebrar” a Barreira Preta e dragar a nossa Barra.
No dia seguinte da vinda do Governador à nossa cidade, 20 de Abril, veio a ordem da evacuação completa da sede do município. O secretário da Polícia e Segurança Pública chegou ao Aracati acompanhado do Capitão da Polícia Militar, Francisco Pereira da Silva, nomeado chefe do Comando Policial Militar, com a incumbência de evacuar toda a cidade, fazendo seu patrulhamento também no acampamento do outro lado do rio, chamado pela imprensa de Nova Aracati.
Ficou então a cidade sob os comandos do Capitão Francisco Pereira e do Tenente Santana, Delegado Especial de Polícia do Aracati, dois eficientes militares que impuseram a ordem evitando que os maus elementos, que rondavam a cidade, praticassem qualquer tipo de delito.
As águas finalmente tinham conquistado efetivamente a cidade de Aracati. Seus 26.000 habitantes foram obrigados a se retirar de suas casas apoderadas pelas águas do rio Jaguaribe que invadiu seus 3.000(três mil) prédios, aproximadamente, alagando por completo suas 08(oito) avenidas, 30(trinta) ruas e 06(seis) praças, deixando no rastro destruidor de sua passagem um ensurdecedor vazio de uma cidade cheia de cobras e sapos e de um silêncio entristecedor, quebrado de vez em quando pelo miado faminto dos gatos nos telhados das casas submersas.
O cenário tétrico da cidade ficou ainda mais assombroso quando no dia 21 de abril, um domingo, veio a ordem para desligar a energia. Havia o perigo dos cabos que conduziam a energia da estação abaixadora do outro lado rio até o centro da cidade, tocassem as águas do rio Jaguaribe, que estavam num nível bastante elevado, quase tocando nos fios condutores de energia.
Aracati na escuridão total, essa foi a ordem expressa dada pelo Governador César Cals. A imperiosa medida era uma forma de obrigar àqueles que ainda resistiam em abandonar suas casas, saírem do local onde insistiam permanecer. No entanto, atendendo a um apelo do Prefeito Abelardo Filho, que argumentava ser necessário pelo menos a iluminação pública para facilitar o patrulhamento da cidade, o Governador aquiesceu o pedido do prefeito, permanecendo a iluminação nas ruas abandonadas e alagadas do Aracati.
Os momentos finais da retirada total da cidade aconteceram entre os dias 22 e 23 de abril, segunda e terça-feira, dias que jamais serão esquecidos por aqueles que viveram esses aflitivos e inquietantes acontecimentos.
Quase ao final do mês de abril, a enchente alcançava a cidade em toda sua plenitude. Alguns órgãos públicos que ainda estavam em funcionamento mesmo precariamente abandonaram em definitivo a cidade.
O INSS a partir do dia 22 de abril não mais atendeu. O Banco do Brasil com a ordem de evacuação também fechou suas portas. O comércio de modo geral também cerrou suas atividades se preocupando somente com o trabalho de salvamento das mercadorias, colocando-as em lugares mais altos para não serem atingidas pelas águas, construindo batentes nas portas dos estabelecimentos com a finalidade de impedir a invasão das águas.
As duas cerâmicas: Armando Praça e J.L. Freitas pararam suas atividades impedidas pelas águas, que tudo invadiu e danificou. A fábrica Tabajara, que fabricava doces de caju, devido a sua aproximação ao rio, já tinha parado suas operações fazia algum tempo logo no início da enchente.
A última indústria a paralisar seu ofício foi a fábrica de Tecidos Santa Tereza – Unitêxtil -, resistindo como pôde, continuou trabalhando mesmo somente com 40% do seu quadro de operários, pois dos 650, somente 260 compareciam ao trabalho.
A Companhia Telefônica do Ceará-COTELCE tentava manter a comunicação telefônica, usando um gerador próprio. Entretanto, a partir da subida das águas além do esperado, os serviços de telecomunicações também foram paralisados em virtude de pane em seus equipamentos.
A voz vibrante e persistente da Rádio Rio Jaguaribe que transmitia em cadeia com a rádio Vale do Jaguaribe os boletins sobre a situação das águas e dos açudes do Orós e do Banabuiú formando a “cadeia da amizade”, finalmente emudeceu, se rendeu perante a impetuosidade das águas se calando no dia 23 de abril.
Quando a rádio Vale do Jaguaribe transmitiu seu noticiário no dia 24 de abril, comunicando que as águas continuavam a subir e que a tendência seria subir ainda mais atingindo proporção nunca antes imaginada, a nossa rádio Rio Jaguaribe já havia se calado, afogada pelas águas que inundaram seus transmissores ocupando seus estúdios.
Aracati estava totalmente alagada, as marcas das enchentes de 1917 e 1924 em muitos trechos foram totalmente superadas. Toda a cidade integralmente submersa pelas águas do Jaguaribe. Poucas casas da Rua Grande não foram afetadas pelas águas. Segundo as observações do jornalista Carlos Kramer:
“A Rua Dragão do Mar, que fora pavimentada em 1973, pelo Prefeito Abelardo Filho, o único ponto de acesso ou saída da cidade, estava com mais de 50 (cinquenta) centímetros de água cobrindo quase toda sua extensão. No lado sul da cidade, no trecho que liga a Igreja Batista ao Triângulo (Posto BR) não era mais possível o tráfego de veículos nem de pedestres. Apenas pequenas embarcações e lanchas motorizadas podiam ainda trafegar. A rodovia BR-304 que liga Aracati-Mossoró sofreu dois rompimentos, precisando que os passageiros que viajavam por essa estrada fizessem baldeação. No local conhecido como “Nambus” também as águas cobriram todo o asfalto não permitindo o tráfego de veículos. – Aracati ficou finalmente ilhada –“(KRAMER, 1976.)
Quando o Ministro do Interior do governo do presidente Ernesto Geisel, Dr. Maurício Rangel Reis, esteve em nosso município no dia 25 de abril de 1974, ele não pôde andar pelas centenárias ruas de nossa heráldica e histórica cidade de Aracati.
A visita, acompanhada pelo governador César Cals, aconteceu ao acampamento dos flagelados das enchentes, denominado pela imprensa como “Nova Aracati,” um amontoado de barracas de lona cedidas pela Cruz Vermelha. Aracatienses refugiados em sua própria terra. Era o que restava então de Aracati, destruída pelas águas do Jaguaribe.
Depois da visita às barracas onde mais de 10.000 pessoas viviam em condições de precariedade, o ministro participou de uma reunião no escritório da Coelce onde escutou as reivindicações das autoridades locais, prometendo ao final em sua palestra ajuda do Governo Federal.
Para o Aracati, vieram os helicópteros da CHESF- Companhia Hidrelétrica do São Francisco, que agilizaram a distribuição de 200 toneladas de alimentos entre; milho, feijão, arroz, açúcar, carne velha, sal, café e leite, que a população chamava de “Comissão.”
Num domingo de sol aberto, dia 28 de abril de 1974, as águas do Jaguaribe atingiram o ponto máximo de maior intensidade. Não havia mais ninguém na cidade.
Aracati tinha se tornado uma cidade abandonada, deserta, desamparada, somente os uivos desesperados dos bichos dilacerados pela fome e pelo abandono se faziam ouvir ao longe, além do murmúrio furioso das águas alastrando-se por ruas, travessas, casas e vielas, destruindo tudo o que encontrava pela frente numa estrondosa e turbulenta correnteza que tudo levava e arrastava para o mar.
Descrevendo como viviam os flagelados aracatienses espalhados pela margem esquerda do nosso rio Jaguaribe, o jornalista Carlos Kramer, minuciosamente nos revela através do seu formidável trabalho “Síntese Histórica das Cheias de 1974”, como era o cotidiano naquelas condições e como a cidade e seu povo se adaptaram a mudança e fizeram a vida continuar:
As barracas estavam instaladas, tanto no local chamado “Nova Aracati,” – que depois seria nominado pelo povo de Pedregal -; assim como também a margem da estrada Aracati - Fortim que recebeu o nome de “Vila Marcelo” em homenagem ao Sargento da Polícia Militar do Ceará, como uma homenagem pelo tratamento e a atenção que esse militar dedicou aos flagelados que estavam arranchados em barracas nesse trecho. Conforme afirma Kramer : “Nessa Vila foi montado um serviço de obstetrícia e ali nasceram vários aracatienses, muitos pelas mãos dos médicos voluntários do Projeto Rondon...”
As barracas serviam para acomodar em torno de três a quatro pessoas, mas acomodavam em média de seis a oito pessoas. Durante o dia, fazia um calor de 35º a 40º graus dentro das barracas, mas à noite fazia frio e era preciso agasalho para se proteger da friagem das chuvas e do vento. Havia muitas famílias também abrigadas embaixo dos cajueiros ao longo da estrada.
A cidade fora conquistada pelas águas, porém seu povo não se deixou derrotar. Aglomerados em torno do Restaurante Beira- Rio, que na época pertencia ao Sr. Adriano Caminha, os aracatienses que estavam abrigados em casa de parentes ou amigos, arranchados embaixo de cajueiros ou vivendo em barracas, fizeram do Restaurante Beira-Rio seu ponto de encontro, a Praça Principal de Aracati, que não se dobrava, que não se rendia, que não desanimava, que resistia, apesar de tudo.
A vida renascia ali em torno do Beira-Rio
O Banco do Brasil construiu uma pequena agência improvisada e começou suas atividades. O INSS também instalou sua agência numa barraca, a Receita Federal começou a funcionar num veículo especial, o FUNRURAL (Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural) improvisou suas instalações para atender os benefícios dos pensionistas, o Hospital Santa Luiza de Marillac instalou um serviço ambulatorial de urgência para atendimento a população. Os correios voltaram a funcionar num posto improvisado em frente à estação da Coelce e o comércio na sua mais variada modalidade, se instalou como pôde, junto ao acampamento, ao longo das estradas, em latadas, em barracas, funcionando no atendimento ao público.
“Ai, não posso mais viver aqui
Eu vou voltar pro meu querido Aracati
Eu vou de caminhão
Comendo o pó do chão
Não me incomodo não
Porque eu quero é ir
Pro meu Aracati “
O que se ouvia agora não era mais a triste e melancólica canção “Súplica Cearense,” que marcou com sua poesia e seu lamento, profundamente, os sentimentos de todos aqueles que vivenciaram os momentos de desespero e desamparo naqueles dias de aflições e incertezas.
O que se escutava pelas estradas destruídas e pelas ruas esburacadas, em cima de carroças, de carrocerias de caminhão, em carretas de tratores, nos caminhantes que tomavam o rumo de volta para casa, era o alegre e feliz Baião do Aracati, do nosso conterrâneo Geraldo Figueiredo.
A Festa do Retorno
O retorno começou no dia 06 de maio de 1974, quando o prefeito Abelardo Filho, - liderança jovem que conquistou o respeito e a admiração dos seus munícipes por seu trabalho e pela dedicação que prestou diuturnamente incansável as famílias aracatienses -; tão intensamente ansioso quanto seus concidadãos em voltar para casa, solicitou a Coelce que fosse restabelecida a energia elétrica em todas as residências do Aracati, para que as pessoas o mais rapidamente possível pudessem retornar para suas casas como era o desejo geral de todos e começassem o trabalho de recuperação e de limpeza, livrando suas moradias da sujeira deixada pela enchente e, claro, começassem a reorganizar suas vidas novamente.
O pedido do prefeito foi prontamente atendido e logo no dia seguinte, 07 de maio, a energia elétrica foi restabelecida em todas as residências da cidade do Aracati.
Foi a festa da Luz. Do renascimento.
O apito estridente e vigoroso das sirenes no alto das chaminés se fez ouvir em toda a cidade, a partir do dia 13 de maio, quando a nossa maior indústria, a Fábrica de Tecidos Santa Tereza, voltou a funcionar em seus três turnos.
O mesmo acontecendo com as cerâmicas e a Fábrica Tabajara, e outras pequenas unidades produtoras. O comércio do mercado e as lojas da rua Cel. Alexandrino também retornaram as suas atividades.
Em 15 de maio, o colégio Marista já havia iniciado suas aulas. O Instituto São José demorou um pouco mais para retomar suas atividades escolares, somente no dia 27 de maio os alunos e professores assumiram as salas de aula.
Os órgãos públicos como o INSS, cartórios e repartições estaduais e federais, juntamente com a rede bancária voltaram a funcionar normalmente, a partir do dia 20 de maio de 1974.
A prefeitura desempenhou um papel incansável, trabalhando com determinação e perseverança na limpeza da cidade, no pavimento das ruas, no conserto dos calçamentos e praças que foram destruídos pelas águas. Em pouco tempo, a cidade estava limpa e organizada como se nunca houvera sofrido uma enchente em tão alto grau de proporção.
As águas também arrastaram daqui, na sua impetuosidade, o mau agouro daqueles que propalavam: “Se quiser conhecer Aracati, vá logo; ela está se acabando,” levando o espírito pessimista e deixando um novo pensamento no rastro sulcado pela correnteza, o húmus da Esperança.
Referências:
KRAMER, Carlos – Síntese Histórica das Cheias de 1974. Aracati-Ce. 1976.
GORDURINHA - Súplica Cearense (Gordurinha e Nelinho) Gordurinha 1960. Continental.
FIGUEIREDO, Geraldo. Baião de Aracati.
TRIBUNA DO CEARÁ. Tabloide. 1976.
CORREIO DO CEARÁ. Caderno Especial Aracati 132 anos.
JORNAL DO BRASIL. 7 de maio de 1974
LOBO, Ari; FIGUEIREDO, Geraldo. Aracati RCA Victor. 1959.