Aracati

Friday, 20 July 2012 20:09

EDSON VIRGINIO: SINGULAR E PLURAL

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Edson Virginio Edson Virginio Detalhe de autorretrato de autoria do entrevistado.

Individual e coletivo fundem-se na construção do ideal esteta da obra de Edson Virginio – artista plástico aracatiense. Em Itajubá-MG o artista instalou seu ateliê e em junho deste ano apresentou uma exposição individual com obras inspiradas nas Vanguardas Europeias. Em passagem por sua terra natal aproveitamos a oportunidade para realizarmos essa entrevista. 

Por onde anda Edson Virginio? 
Edson Virginio- Após deixar o Aracati, excursionei com minha arte por Fortaleza-CE, São Luís-MA, Natal-RN, Parnamirim-RN. Nestas cidades atuei em instituições de ensino - Maristas, Faculdade Católica do Ceará, Colégio Nossa Senhora da Assunção e Salesiano- como professor de arte, assistente de arte e cultura, e organizador de eventos, além de diversos trabalhos como freelancer. Iniciei minha vida acadêmica em Fortaleza no curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Em 2008, me transferi para Natal onde dei continuidade ao citado curso na Universidade Potiguar, porém, não o conclui. Atualmente resido em Itajubá, uma pequena e promissora cidade ao sul de Minas Gerais, onde me matriculei no Curso de Letras da Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá-FEPI. Reestruturei meu ateliê e passei a prestar serviços a empresas de eventos, instituições de ensino e grupos de teatro com trabalhos artísticos e produção de peças para o teatro de animação. 

  

No mês de junho, você participou do evento Dia dos Namorados Diferente promovido pela Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá-FEPI oportunidade em que tornou pública a sua mais recente exposição individual. Fale-nos um pouco sobre sua inserção naquele importante centro acadêmico. 
Edson- A FEPI é uma instituição muito renomada na região do Sul de MG, sua missão visa contribuir para o desenvolvimento educacional, sociocultural e econômico, em âmbito regional, estadual e nacional. Oferece 16 cursos entre os quais o de Letras. Sou um apaixonado por Literatura e por isso o escolhi para compor minha formação acadêmica. O curso de Letras da FEPI, com quase cinco décadas de existência, confirma-se como um dos mais tradicionais da região. Ainda no primeiro período fui destaque com uma exposição individual que ilustrou o X Dia dos Namorados Diferente. Nesta edição o evento trouxe como tema: SEMANA DE ARTE MODERNA- 90 ANOS. “ACEITARÁS O AMOR COMO EU O ENCARO?” O evento homenageou a atitude valorosa dos artistas brasileiros que promoveram a semana de 1922, que influenciada pelas vanguardas artísticas do início do século transmutaram o olhar sobre a arte e a literatura. Produzi uma exposição sobre as vanguardas que influenciaram os brasileiros e que tornaram antropofágica a essência da arte moderna brasileira. Produzi 12 telas utilizando técnicas mistas inspiradas no fauvismo, expressionismo, surrealismo, expressionismo abstrato, cubismo e dadaísmo. 

  

90 anos depois da Semana de 22 o Brasil conhece o Brasil? 
Edson- Antropofagia foi o verbo proferido pelos nobres artistas da Semana de 22. Compreendendo a antropofagia como a forma de digerir outras culturas. Pode-se dizer que o Brasil foi e sempre será antropofágico, o que de certa forma traz a dificuldade de perceber a si mesmo. Em sua diversidade cultural e artística e com a enxurrada de informações dada pelo avanço tecnológico e pela globalização posso afirmar que o Brasil ainda está se conhecendo. 

  

Além de sua participação como artista plástico na 10ª edição do evento Dia dos namorados Diferente, organizado pelo Curso de Letras, você adentrou o universo do teatro de animação com a criação do boneco Virgílio. Fale-nos sobre essa experiência. 
Edson- O Dia dos Namorados Diferente teve em sua apresentação um recital literomusical. A participação neste me levou à produção de uma performance ao estilo teatro bunraku em que o boneco VIRGÍLIO com movimentos quase humanos, proferiu os versos da Poética de Manoel Bandeira. Sou apaixonado pelo teatro de formas animadas. Tive o prazer de conhecer tal técnica nas intervenções do Grupo Lua Cheia de Teatro observando o resultado destas no encantamento causado nas plateias quer sejam adultas ou infantis. Em minha bagagem de produção artística intervi nos âmbitos institucionais em que trabalhei com performances de teatro de animação. Entre as minhas produções para o teatro de formas animadas posso citar o boneco Manoel, João Bosco e seus amigos, o palhaço Fuxiquim, os palhaços Flor, Flora e Florida, Joãozinho e Francisco.  
 
Ivone Richter em seu livro Interculturalidade e Estética do Cotidiano no Ensino das Artes Visuais afirma que o fazer artístico é impregnado de uma estética do cotidiano a qual compreende além dos objetos ou atividades presentes na vida comum, considerados como possuidores de valor estético, a subjetividade dos sujeitos. Nessa perspectiva de que estéticas do cotidiano sua arte está impregnada? 
Edson- Os filósofos nos ensinam que a busca constante pelo belo traduz a estética, sendo este belo determinado pelo gosto individual ou coletivo. Compreendo Aristóteles quando este diz que a arte recria a vida. O meu fazer artístico busca anunciar a beleza da vida sob todos os aspectos. Parto do princípio de que é necessária a pesquisa para atender aos gostos individuais e coletivos, e assim colocar na produção artística aquilo que possa gerar satisfação. Atualmente há uma busca pelo que possa ser subjetivo, pelo que possa ser abstrato e complementar. Diante disto coloco em minhas pinceladas e performances elementos que façam transcender em mergulho interior o público que observa. O surrealismo, a abstração, o expressionismo abstrato são vanguardas que me influenciam e facilitam a compreensão do cotidiano nesta contemporaneidade. 

  

 
 


Entrevista cedida por Edson Virginio a Marciano Ponciano em 20 de julho de 2012. 

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Marciano Ponciano

MARCIANO PONCIANO- Sou natural de Aracati-Ce, terra onde os bons ventos sopram. Na academia da vida constitui-me poeta, realizador de sonhos, encenador de máscaras. Na academia dos saberes acumulados titulei-me professor de Língua Portuguesa e especializei-me em Arte-Educação. O projeto de vida é semear a arte por onde passe: teatro, poesia, artes plásticas- frutos da experiência acumulada em anos dedicados a ser feliz. Quando me perguntam quem sou - ator, poeta, encenador, artista plástico, educador? Afirmo: - Sou poeta!

Publicou:

Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. própria. Aracati-CE. 1996.

Caderno de Literatura Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2006.

aracaty. Cadernos de Teatro. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2010.

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Sobre nós

O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.