O exercício do olhar é tarefa que desenvolvemos ao longo da existência. Todavia, há entre nós aqueles que são dotados de aptidão para perceber o mistério por traz das coisas e revelá-lo em forma de encantamento, em forma de poesia. Somos convidados, guiados por essa capacidade, a perceber o imperceptível.
No dia 27 de julho de 1959 a ponte Presidente Juscelino Kubitschek era inaugurada e instaurava em Aracati um novo tempo. O isolamento pelo qual a cidade havida sido submetida, pois o seu porto de antanho já não operava como em tempos de prosperidade econômica, tinha a partir daquele feito chegado ao fim.
O artigo Ponte Presidente Juscelino Kubitschek de autoria de Antero Pereira Filho principiou mais uma coleção do selo editorial Terra Aracatiense organizado pela Associação Artístico Cultural Lua Cheia (AACLC). A coleção Cadernos de História reunirá em 10 volumes fatos históricos ocorridos na cidade de Aracati no último século. Antero Pereira Filho principiou a citada coleção com seu artigo que trata sobre a história política da Ponte JK que no dia 27 de julho completou o seu cinquentenário.
Aracati é uma cidade-museu. Sua história está presente no legado arquitetônico que evidencia sua grande importância cultural para o Ceará.
Hoje (dia 20 de abril), por volta das 7 horas da manhã, um forte estrondo anunciou o desabamento de mais um fragmento da história aracatiense. O casarão, localizado em pleno Centro Histórico da cidade, na Rua Grande, teve parte de sua fachada destruída pelo tempo, pela forte chuva da noite anterior e, sobretudo, pelo descaso com que tratam a nossa cultura.
Antero Pereira Filho, em seu artigo "Sobrado do Barão: Desfazendo um equívoco" vem nos apresentar fontes historiográficas sobre o sobrado sito à rua Cel. Alexanzito, 743, em Aracati, hoje sede do Instituto do Museu Jaguaribano, comumente mencionado como antiga residência do Barão de Aracati. É sobre esta referência que Antero Pereira Filho busca questionar a veracidade da alegativa.
Não chega a dez anos desde que foi criado o sítio histórico nacional de Aracati. Tempo ainda curto, na opinião do arquiteto do Iphan, Francisco Veloso, para que haja uma verdadeira mudança cultural nas pessoas. Para ele, as dificuldades dos moradores em aceitar as restrições impostas pela lei federal do Patrimônio Histórico, é “uma questão de educação”. Segundo o arquiteto, qualquer reforma nas casas pode ser feita, contanto que não interfira na forma original do prédio. Veloso acredita que falta mais conscientização por parte dos proprietários em relação à importância daquele patrimônio. “As pessoas têm que saber do valor que têm sob sua responsabilidade quando se mora numa cidade reconhecida nacionalmente como Patrimônio Histórico”.
Diante da bem-sucedida experiência de Icó, chega a vez de Aracati. A preservação beneficiará, de saída, as fachadas de 275 imóveis situados na Avenida Coronel Alexanzito (Rua Grande), compreendendo habitações residenciais, prédios públicos e as igrejas católicas, construídos durante os séculos XVIII e XIX.
Por longos cincos anos em que se arrastou a restauração do prédio do Museu Jaguaribano, ficou nosso museu fechado para o público o que agora chega ao seu final nesse outubro de 2009.
Aracati é uma das mais belas cidades do Nordeste. Uma ferradura, por certo, de que todo o Ceará se orgulha. Pátria de Jacques Klein e de Beni Carvalho; terra adotiva de Egídio Barreto; menina dos olhos de Inocêncio Uchoa e de Alfredo Valente, em terras de Aracati fica encravada também a Praia de Canoa: mágica Canoa, lógica Canoa, que não se quer despregar da imaginação e dos olhos.
O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.