O HOMEM DO MAR II
Para o Professor Nonato (o verdadeiro homem do mar)- O Semeador de Sonhos.
Há homens, quase extintos, que são como mar:
Colossais e infinitos, encorpados como o sal da audácia!
Homens produndamente telúricos, mas filhos do marulho,
Do gemido orgasmático das ondas que se debruçam na areia
Deste oceano, que ao mesmo tempo em que se distancia
na sua grandeza,
Nos aproxima da infinidade; do sonho de flutuar,
De singrar pelo poema que embaralha o céu e segura a terra
E diz na surdina da alma, que se pode ir além,
Que o impossível é uma invenção fantasmagórica,
Criada para admoestar os párvulos de espírito.
É preciso ser o mar, navegar não é e nunca foi preciso.
Não quero ser leme ou caravela,
Quero ser o mar, com sobrenome Nonato.
Prefiro a robustez dos oceanos quasímodos
A audácia da maré que invade o espaço alheio.
(Moacir Morran)
LADAINHA LÚBRICA
Abaixo da linha imaginária do umbigo,
Os pecados são mais sanos.
Abaixo da linha imaginária do umbigo,
É inexistente qualquer escândalo.
Abaixo da linha imaginária do umbigo,
É fútil o celibato.
Abaixo da linha imaginária do umbigo,
Nós somos muito mais humanos.
Abaixo da linha imaginária do umbigo,
Pênis, vagina e ânus.
(Moacir Morran)
A INVENÇÃO DA RODA
O homem quadrado
Inventou a roda
e da roda nasceu a
Roda.
Outra roda,
mais uma roda,
e mais outra roda...
...assim, o homem ficou redondamente
estupefato.
E diante daquele invento esconso,
Suspirouuuu...
E o homem agora redondamente
Redondo
Esqueceu que um dia
Já fora quadrado!
(Moacir Morran)