O BANHO
Uma vez Barra de Aço trabalhava no rio, na exportadora de sal. Quando terminava o expediente ele não tomava banho não, sabe? Pegava uma estopa, ia pra dentro d’água, arregaçava as calças, a camisa e ia passando só uma estopa com água no corpo, pra tirar o óleo, por causa do trabalho de mecânico...
O finado Azim disse assim:
- Aço tem vergonha! Toma um banho!
- Calma Azas, o sino da Matriz tá batendo bão, bão. Quem foi que morreu? Fulano de tal. De que? Afogado. Você acha que alguém ia morrer de sujo? (risos)
REI DE MUNGUBA
Barra de Aço só queria sair no carnaval em traje de rei. Ele saiu daqui e foi lá pro cabaré lá perto do Hospital Municipal, era Chaguinha. Quando chegou lá tava Raimunda Coco. Raimunda toda de branco. Raimunda gostava de Martins Cajazeiras. E Barra de Aço pesava o que... uns quarenta quilos. Martins Cajazeiras uns noventa. Aí Barra de Aço em trajes de rei e Raimunda Coco toda de branco. Começaram a dançar. Quando estavam dançando Martins Cajazeiras aparece. Aí puxa Raimunda pelo braço, dá um tapa no rosto de Raimunda Coco. Raimunda Coco cai que levanta a perna. Olhou pra Barra e (ele) disse assim:
- Que rei sou eu sem reinado e sem coroa? Sem castelo e sem rainha? Afinal que rei sou eu?
E fez carreira no meio da Várzea.
Quando ele me contava essa história me dizia:
- Eu sou o rei de Munguba e a Raimunda e a rainha de Muchares.
Histórias extraídas de entrevista cedida por Francisco Fernando de Freitas (Mendonça) a Marciano Ponciano e Regina Oliveira no dia 12 de janeiro de 2009.