O VINHO DOS POBRES
Outra vez na semana santa nós estávamos todos debaixo do pé de algaroba, lisos, bem uns dez. Aí Aldemir (Ponciano) disse:
- Rapaz vocês estão lesos por quê?
– Quiqui não tem nada.
- Rapaz eu tenho um litro de Raposo. Ele foi buscar o litro de Raposo e uma fritada de camarão. Trouxe pra gente. Quando terminou, menino, aí foi que a vontade de beber aumentou. Aí Giló disse assim:
- Eu vou arrumar ali com seu Zé, um litro de cachaça dessa nossa. Dali nós fomos pra casa de Barrinha. Chegando lá, quando a mulher de Barrinha viu – Sexta-Feira Santa – mandou o pau a esculhambar Barrinha.
- Cabra véi sem vergonha! Você só anda com essa moçada pra beber cachaça no maior dia da humanidade!
Barrinha saiu assobiando, chegou na bodega de Zé Ponciano comprou dois ki-suco de uva, meio quilo de açúcar. Chegou em casa, misturou, mexeu aí ficou vermelho. Chamou a mulher:
- Anda agora Dona Carminha! Tingi, viu? Vinho dos pobres, fale agora.
Aí nós fomos beber o “vinho dos pobres”.
O PRODUTO
A turma bebia demais. Não tinha cachaça que chegasse. Só que cada dia era um lugar diferente. Teve um dia que era num pote. Chico Dureza chegou, procurou, procurou e eu me abrindo. Aí Chico perguntou:
- Aço, cadê o produto?
- (Sussurrando) Chico a cachaça tá na quartinha e os caranguejos tão dentro do guarda-roupa.
A GOTEIRA
No dia que Aço se melou, começou a chover. Em sua casa havia uma goteira pingando bem na testa dele. Pan, pan, pan, pan. Aí, Carminha, a mulher:
- Zé... Zé... acorda Zé. Tão te molhando! A goteira tá mesmo na tua cara.
- Calma mulher, eu quero é brolhar.
Histórias extraídas de entrevista cedida por Francisco Fernando de Freitas (Mendonça) a Marciano Ponciano e Regina Oliveira no dia 12 de janeiro de 2009.