Aracati

Sunday, 24 January 2016 16:43

HISTÓRIAS DE BARRA DE AÇO- PARTE II

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Francisco Fernando de Freitas (Mendonça).Aracati-CE. 2009 Francisco Fernando de Freitas (Mendonça).Aracati-CE. 2009 Acervo do Grupo Lua Cheia

Em 2009, com o intuito de revelar o contexto histórico e personagens responsáveis pelo surgimento da Escola de Samba Caveira, eu e Regina Oliveira, realizamos uma série de entrevistas. Um de nossos entrevistados foi Francisco Fernando de Freitas (Mendonça) um dos fundadores da citada agremiação carnavalesca. No recorte compartilhado a seguir destacamos a segunda parte de uma série composta por histórias de um dos mais memoráveis integrantes da Escola de Samba Caveira: Barra de Aço. 

 O VINHO DOS POBRES 

  

Outra vez na semana santa nós estávamos todos debaixo do pé de algaroba, lisos, bem uns dez. Aí Aldemir (Ponciano) disse: 

 

- Rapaz vocês estão lesos por quê? 

  

 – Quiqui não tem nada. 

  

- Rapaz eu tenho um litro de Raposo. Ele foi buscar o litro de Raposo e uma fritada de camarão. Trouxe pra gente. Quando terminou, menino, aí foi que a vontade de beber aumentou. Aí Giló disse assim: 

  

- Eu vou arrumar ali com seu Zé, um litro de cachaça dessa nossa. Dali nós fomos pra casa de Barrinha. Chegando lá, quando a mulher de Barrinha viu – Sexta-Feira Santa – mandou o pau a esculhambar Barrinha. 

  

- Cabra véi sem vergonha! Você só anda com essa moçada pra beber cachaça no maior dia da humanidade! 

  

Barrinha saiu assobiando, chegou na bodega de Zé Ponciano comprou dois ki-suco de uva, meio quilo de açúcar. Chegou em casa, misturou, mexeu aí ficou vermelho. Chamou a mulher: 

  

- Anda agora Dona Carminha! Tingi, viu? Vinho dos pobres, fale agora. 

  

Aí nós fomos beber o “vinho dos pobres”. 

  

O PRODUTO 

  

A turma bebia demais. Não tinha cachaça que chegasse. Só que cada dia era um lugar diferente. Teve um dia que era num pote. Chico Dureza chegou, procurou, procurou e eu me abrindo. Aí Chico perguntou: 

  

- Aço, cadê o produto? 

  

- (Sussurrando) Chico a cachaça tá na quartinha e os caranguejos tão dentro do guarda-roupa. 

  

  

A GOTEIRA 

  

No dia que Aço se melou, começou a chover. Em sua casa havia uma goteira pingando bem na testa dele. Pan, pan, pan, pan. Aí, Carminha, a mulher: 

  

- Zé... Zé... acorda Zé. Tão te molhando! A goteira tá mesmo na tua cara. 

  

- Calma mulher, eu quero é brolhar. 


Histórias extraídas de entrevista cedida por Francisco Fernando de Freitas (Mendonça) a Marciano Ponciano e Regina Oliveira no dia 12 de janeiro de 2009. 

 

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Marciano Ponciano

MARCIANO PONCIANO- Sou natural de Aracati-Ce, terra onde os bons ventos sopram. Na academia da vida constitui-me poeta, realizador de sonhos, encenador de máscaras. Na academia dos saberes acumulados titulei-me professor de Língua Portuguesa e especializei-me em Arte-Educação. O projeto de vida é semear a arte por onde passe: teatro, poesia, artes plásticas- frutos da experiência acumulada em anos dedicados a ser feliz. Quando me perguntam quem sou - ator, poeta, encenador, artista plástico, educador? Afirmo: - Sou poeta!

Publicou:

Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. própria. Aracati-CE. 1996.

Caderno de Literatura Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2006.

aracaty. Cadernos de Teatro. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2010.

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Sobre nós

O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.