O que são os dias e os anos frente ao efêmero instante teatral?
Ao completar 26 anos de fundação do Grupo Lua Cheia de Teatro[2] vasculhamos em nossos baús recordações, imagens, sonhos, projetos, personagens, conquistas, crescimentos, pessoas, espaços.
Nesse turbilhão de ideias e ideais uma palavra resume a essência de ser do Lua Cheia: PERSISTÊNCIA. Persistência em continuar fazendo arte, em lutar pela preservação e resgate de bens culturais, em não se deixar minimizar frente à incompreensão e/ou banalização do direito ao acesso à cultura.
O momento teatral é um instante visitado no rol das lembranças e marcas registradas do transformador nesta arte. Apagam-se as luzes... Fecham-se as cortinas... Aplausos. E o efêmero se instala lentamente nos dias que se passam. Vai pouco a pouco se diluindo ao sabor das estações. Em nossa retina uma marca indelével da luz que acendeu para o Lua Cheia em sua primeira noite de apresentação, com a peça Amor de Cigano, nos permite um retorno às origens- pureza, inocência, jovialidade, sonhos, encantamento. Cantamos a mesma canção para acalentar sonhos e aflorar anseios. Se a luz apaga, cantamos. Se a cortina fecha, cantamos. Se a plateia é vaga, cantamos. E o nosso canto é como uma cantiga de ninar novos sonhos.
Marciano Ponciano
Poeta e Dramaturgo
[1] Raimundo Leontino Filho em “Três Faces de uma Poética em Movimento”. Poetossíntese. 1996.
[2] Coletivo teatral aracatiense fundado, em 1990, pelos jovens atores Márcia Santos, Márcia Oliveira e Marciano Ponciano. O Grupo Lua Cheia assinala mais de duas dezenas de montagens teatrais utilizando as mais diversas técnicas: pantomima, teatro de bonecos, teatro de papel e teatro de rua. No ano de 1995 o Grupo Lua Cheia funda a Associação Artístico Cultural Lua Cheia.