Netinho Ponciano é um dos personagens nascidos na cidade de Aracati cujas contribuições para a cultura e para a arte somam-se, além de sua própria história, à efervescente existência de coletivos musicais e artistas na cidade dos Bons Ventos em meados do século XX. Desde tenra idade sua identificação com a arte, especialmente a música, encontra registro na participação, como baterista, da banda Gimara, grupo formado por jovens alunos do colégio Marista de Aracati-CE.
Da infância em Vila Velha (ES) advém as primeiras influências vividas por Joe Lima com a fotografia. Em entrevista, partimos desse instante revelador até o diálogo com as influências, estéticas e singularidades presentes em sua obra.
Sufraia fazia mais medo às pessoas com sua aparência de humano do que quando virava Lobisomem. Na verdade, Sufraia era um Lobisomem na aparência: barbudo, nariz de focinho, orelhas cabeludas com tufos de cabelos saindo de dentro do ouvido, corcunda e torto em riba de umas pernas zambetas, longilíneo e desengonçado. Era mesmo muito feio o Sufraia.
Zé Batata foi o maior, o melhor e mais representativo Cão de pastoril que já houve no Aracati. O artista Zé Batata interpretava, no pastoril, que se apresentava todo final de ano na Praça dos Prazeres; o Cão, personagem dos mais queridos por todos quantos se exibiam naquele auto pastoril, por causa do seu jocoso desempenho. A grande luta travada no palco do pastoril era a batalha entre o Cão Zé Batata, de aspecto horroroso, mostrando um só dente na sua imensa bocarra e o anjo Gabriel, representado, geralmente, pela moça mais bonita e cheia de candura entre todas as que compunham a trupe do pastoril.
No dia 25 de agosto de 2004, o pesquisador Antero Pereira apresentava, no Teatro Francisca Clotilde, importantes evidências e documentos da pujante atividade teatral em Aracati. "Na semana em que se comemora o dia mundial do teatro (27), vimos trazer à luz de nossos dias este importante arquivo para a memória da cultura aracatiense. Convidado pelo Grupo Lua Cheia na pessoa do seu representante, Marciano Ponciano, para falar sobre o teatro em Aracati, imaginei que poderia traçar uma trajetória histórica do nosso teatro. No entanto, as dificuldades de informações e a falta de acervo onde buscar as necessárias informações me limitaram. Portanto nesta pequena e curta conversa que o convite chama de palestra irei me reportar e descrever algumas cenas e passagens espaçadas no vácuo do tempo do nosso teatro"- destacou Pereira.
A revista literária A Estrella apareceu em Baturité-CE a 28 de outubro de 1906 e seu último número circulou no final de 1921, em Aracati. Suas 193 edições, produzidas durante 15 anos, foram sustentadas pela persistência de mulheres – as editoras Carmem Taumaturgo e Antonieta Clotilde – e de quase uma centena de colaboradores e colaboradoras de todo o País. Eram pessoas que nutriam grande apreço pela leitura e escrita, abraçando o compromisso de constituir um espaço de produção e divulgação literária.
A Associação Cultural Solar das Clotildes retoma o trabalho de memória e identidade cultural iniciado pela poetisa Rosângela Ponciano na década de 90.
Stélio Torquato é um escultor de palavras. De sua dedicação ao verso metrificado surgiram projetos valiosos a exemplo da adaptação para a literatura de cordel do romance Iracema de José de Alencar publicada este ano pela editora Armazém da Cultura. Em entrevista cedida com exclusividade para o Aracati das Artes o vate cearense nos fala sobre seus mais recentes projetos.
Holdemar Menezes, aracatiense, quem seria? Abele Marcos Casarotto em seu artigo "Holdemar Menezes: quase auto, quase bio, uma grafia" nos revela um pouco sobre a vida e obra do escritor cearense Holdemar Menezes (1921-1996). O relato de Casarotto sobre vida de Holdemar Menezes apresenta-se dividido em quatro sequências: a primeira relaciona os fatos da sua infância e recordações. A segunda o período em que viveu no Rio de Janeiro, a bela época de estudante. A seguinte procura apresentar fatos quando da saída do Rio e a chegada em São Francisco do Sul. A última está relacionada com a produção literária. Selecionamos, do citado estudo, a sequência que trata dos fatos da infância e recordações de Holdemar Menezes. Um convite a perceber o Aracati sob os olhos do autor da "Coleira de Peggy" prêmio Jabuti de Contos de 1973. Boa leitura.
Mergulhar na leitura de Cravos e Santas é retornar ao Aracati do passado e também ao Aracati de um presente ainda recente, onde nossas igrejas, ruas, costumes e hábitos e religiosidade se entrelaçam numa história de amor, mistério, suspense e política ocorrida na antiga e romântica cidade de Lisboa.
Aracati mantém, juntamente com Icó, a primazia de ser importante referencial para a compreensão da história cearense. Ambas se constituíram no passado como centros importantes para a manutenção do projeto colonizador português de cuja pujança pode ser verificada no patrimônio edificado das citadas cidades, elevadas a categoria de sítios históricos tombados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional-IPHAN.
Saber sobre quantos escritores e/ou poetas nasceram na cidade de Aracati seria mais importante do que as poéticas por eles produzidas? Autor e obra se separam após a criação, todavia a obra segue denunciando seu criador como uma prova inconteste nas letras que o imortalizam. Saber sobre a vida de poetas e escritores torna-se tarefa completa quando conhecemos o fruto de seu labor: poema, conto, romance, peça etc. A obra dialoga conosco, um diálogo vivo com o autor que nos fala simbolicamente seja nas linhas da prosa, seja nos versos de um poema.
O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.