Aracati

Monday, 04 February 2008 21:39

UNIVERSO NEGRO

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Hélio Santos Hélio Santos Acervo do Grupo Lua Cheia

Fundado por um grupo de artistas, o Bloco Universo Negro traz uma característica bem peculiar: a de ser totalmente composto por bonecos gigantes. A ideia nasceu em 1998 no intuito de valorizar a cultura afro e apresentar uma nova modalidade de agremiação para o carnaval aracatiense. O bloco segue capitaneado pelo artista plástico Hélio Santos. Em entrevista realizada na sede do bloco, enquanto Hélio contornava o olho de uma princesa nos revelava o seu olhar sobre a atividade cultural no carnaval de Aracati. 

Quando foi fundado o bloco Universo Negro? 
 
No carnaval de 1998. 
 
Quem foram os fundadores do bloco? 
 
Erivando Braga, Aíla Nogueira de Castro, Marques, Jean Carlos dos Santos, Betto Lins, Ricardo Freitas. 
 
O que mais caracteriza o Bloco Universo Negro? 
 
Bonecos escuros. Não fui eu quem denominou. Quem denominou foi o próprio público que achava ser o bloco um maracatu. E eu tenho trabalhado para que assim se pareça. A característica dele é ser um bloco de cultura negra. 
 
O bloco possui bateria? 
 
Bem... Na primeira fase nós saímos com a bateria do Colégio Municipal de Aracati. Nos outros anos foi organizada um ano por Marcelo Costa, um excelente percursionista, e nos outros anos foi organizada por Epfânio Jiló. 
 
Hoje, por qual motivo não há o acompanhamento musical? 
 
Por questões financeiras e uma série de fatores. Nós até pensamos em organizar novamente a bateria, mas a sua acomodação é muito difícil. Nós estamos com dificuldades para acomodar os bonecos devido a problemas estruturais em nossa sede. 
 
Qual o ritmo para acompanhar o Bloco Universo Negro? 
 
O ritmo afro, o que mais se aproxima ao Maracatu. 
 
Quantos integrantes compõem o bloco? 
 
Aproximadamente, ele pode funcionar até com 25 pessoas. Esse ano excepcionalmente nós sairemos com 30 pessoas. A nossa meta é a de ampliar para um número maior de bonecos na avenida. Os bonecos possuem dois tamanhos: Grandes e pequenos. Os maiores possuem o dobro do tamanho de uma pessoa com 1,60m de altura. Ou seja, 3,20 m e pesam aproximadamente 15 kg.  E os menores possuem 2,30m que representam os jovens em nosso bloco. Estes pesam entre seis e sete quilos.  
 
Como se dá a participação das pessoas no Bloco Universo Negro? 
 
Quando nós iniciamos o bloco as pessoas nos procuravam para dançar. Muita gente queria participar. Só que o tempo foi passando e elas não quiseram mais participar de graça. E nós precisamos passar a pagar. Hoje só dança se houver pagamento. 
 
Como você analisa esse estado de coisas? 
 
Eu sinto que é um problema. Porque está levando parte do orçamento do bloco para pagar o cachê das trinta pessoas. Esse dinheiro poderia ser aproveitado para comprar material e, no entanto, é pago a pessoas que vão dançar. 
 
Qual o projeto de futuro para esse bloco? 
 
Transformá-lo num maracatu. Cada dia que passa eu vou inserindo elementos que lembrem o maracatu. Tenho até plano de tirar a porta bandeira e colocar o porta bandeira como é no maracatu. 
 
É possível profissionalizar o carnaval de Aracati? 
 
Acredito que sim. Mas isso vai levar muito tempo. As pessoas se acostumaram a outras maneiras de fazer o carnaval. Eu já tenho mais de sessenta anos e o carnaval não tinha nada disso que é hoje. As pessoas faziam por mero prazer de brincar o carnaval. Todo mundo produzia sua fantasia. Quando muito se tivesse a bateria, eles (organização do bloco) iam conseguir dinheiro pra fazer a fantasia de quem ia tocar nos instrumentos. E muitas vezes nem eram pagos. Os músicos iam também para brincar o carnaval. Hoje é diferente. Hoje ele é todo comercializado. 
 
O que se faz necessário para a consolidação deste carnaval como uma atividade inserida no calendário cultural do município de Aracati de modo continuado? 
 
Eu acho que enquanto houver o trio elétrico aí na rua vai ser sempre muito difícil. Porque existe a opção de você brincar na rua sem gastar quase nada. E num dado momento você vê que para brincar no carnaval você tem que gastar dinheiro com fantasia. Antes não... é porque não havia escolha. Ou você brincava num bloco de sujo, ou no clube num baile carnavalesco ou nos blocos. Era a forma de brincar no carnaval do passado, né. Principalmente na minha infância. Hoje não. Qualquer um, de criança a velho, brinca sem gastar um centavo indo atrás do trio elétrico. Aí é preciso muito amor... E vai levar muito tempo para as pessoas brincarem no carnaval cultural e ver a beleza que ele é e o que ele soma para a cultura e o turismo do Aracati. 
 
O que é preciso para que isso se transforme numa política pública? Vir a ser uma prática da cidade e não tão somente de uma gestão? 
 
Que as pessoas cobrem das administrações a necessidade do carnaval cultural e não parar por aí. Porque as pessoas no Aracati, infelizmente, têm o hábito de fazerem reuniões, debates e as pessoas não comparecem. Depois ficam reclamando “Ah, eu não sabia disso!”. Não soube por que não quis, porque foram convidados e não compareceram. Tem que cobrar!!! Porque o carnaval de rua é necessário... Porque traz o bom turista para a cidade. Ele traz o turista que tem dinheiro, que tem educação. 
 
Quantas pessoas trabalham na oficina do bloco. 

 
10 pessoas trabalhando há aproximadamente um mês. 
 
Qual a emoção de ver o bloco na rua? 
 
Emoção de um trabalho realizado. 
 


Entrevista cedida por Hélio dos Santos Barros, presidente do Bloco Universo Negro, a Marciano Ponciano. Aracati, 01 de fevereiro de 2008. 

 

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Marciano Ponciano

MARCIANO PONCIANO- Sou natural de Aracati-Ce, terra onde os bons ventos sopram. Na academia da vida constitui-me poeta, realizador de sonhos, encenador de máscaras. Na academia dos saberes acumulados titulei-me professor de Língua Portuguesa e especializei-me em Arte-Educação. O projeto de vida é semear a arte por onde passe: teatro, poesia, artes plásticas- frutos da experiência acumulada em anos dedicados a ser feliz. Quando me perguntam quem sou - ator, poeta, encenador, artista plástico, educador? Afirmo: - Sou poeta!

Publicou:

Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. própria. Aracati-CE. 1996.

Caderno de Literatura Poetossíntese. Coletânea de poemas. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2006.

aracaty. Cadernos de Teatro. Ed. Terra Aracatiense. Aracati-CE. 2010.

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Sobre nós

O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.