Francisco Freire Alemão, estudioso que fazia parte da Comissão Científica do Império22, esteve de passagem pelo Cumbe em 1859 e retratou o lugar com detalhes em dois textos: “Passeio ao Cumbe” e “Visita ao Cumbe”23.
A iniciativa de fundação de uma aula régia de gramática latina em Santa Cruz do Aracati partiu dos seus homens bons. Reunidos em vereação no dia 23 de outubro de 1784, os oficiais da edilidade elaboraram uma representação endereçada à rainha D. Maria I, afirmando a grande necessidade de abertura da cadeira na vila, por esta se tratar da maior e mais populosa da comarca do Ceará, apresentando a localização geográfica e a situação econômica mais convenientes de toda a capitania:
[…] porque ela se constitui de um porto marcante, cujo comércio se tem promovido, e promove cada dia a povoação de tal sorte que promete um vantajoso adiantamento, concorrendo para ela muitos mercadores de fazendas, cujas lojas já excedem de setenta, o que se não vê e nem encontra noutra alguma vila desta comarca, nem ainda a ter parte delas, e além disto a ocorrência da gente marítima e dos sertões, que como para seu empório ou corte a ela vem, a faz mais populosa13.
No relato de Freire Alemão, percebemos que além dos canaviais, havia naquele período outro elemento muito marcante da paisagem, que foi definido pelo pesquisador como “monte de areia fina e clara sem nenhuma vegetação”33. O conjunto de dunas do Cumbe prendeu a atenção do grupo de estudiosos. Das duas aquarelas produzidas pela comissão retratando o local, uma ilustra as dunas.
Chico de Janes foi por muito tempo o principal hoteleiro da cidade de Aracati. O Hotel Central era uma referência para quem viesse ao Aracati e precisasse de hospedagem.
As histórias da literatura brasileira categorizaram Adolfo Caminha como um autor contraditório, frágil e menor, talvez marginal se pensado em relação aos grandes nomes do período. Preferimos chamá-lo de um autor tenso. Tenso em relação às transformações que marcaram aquele “início” do século XIX, pois, ao mesmo tempo em que ele as louvava e pedia por elas, ele também as via com desconfiança, destacadamente no caso da entrada do Brasil no mercado consumidor de bens importados, que a seu ver ameaçava a cultura e os costumes locais, como é possível apreender da leitura de sua coluna intitulada de “Sabbatina”, no jornal O Pão, da Padaria Espiritual.
Neste porto não embarcam mais escravos! Bradou com voz de estetas o principal dos jangadeiros, Francisco José do Nascimento, que posteriormente teve o apelido de Dragão do Mar. Não embarcam! – repetiam os demais jangadeiros, repetiu a multidão ansiosa expectativa, apinhoada na praia. Os mercadores de homens não esperavam por esta e, diante do que acontecia, resolveram contemporizar. O episodio aliás, era o golpe final vibrado na escravatura. Esse dia que os trabalhadores do mar ditaram a sua palavra passou a história. Consoante o imperativo brado, nunca mais no porto da capital cearense houve embarque de cativos.122
[...]só a partir da segunda metade do século XVIII, quando predominaram orientações pombalinas sobre a política e a economia portuguesas, o território dos sertões da capitania geral de Pernambuco foram de fato inseridos nos projetos de colonização da Coroa Portuguesa. Antes disso, a insistente comunicação entre os funcionários régios e a administração que se concentrava em Lisboa era a única maneira de “pressionar” o rei por medidas de impor justiça nos sertões.
O Grupo Lua Cheia, com sede na cidade de Aracati-CE, é um coletivo de artistas formado em 1990 com o objetivo de fomentar, divulgar e pesquisar a arte e a cultura.